Há duas semanas publiquei uma análise sobre os times com as melhores e piores performances em termos de gestão do departamento de futebol e o resultado em campo no Brasileirão 2018 da série A. (Veja análise no texto anterior)
Pelo terceiro ano estou publicando o ranking de efetividade das atuais gestões em converter a base de torcedores em sócio torcedores e compra de ingressos. (Balanço de 2017)
O ranking foi efetuado de acordo com mesma metodologia do último estudo: o GAP (diferença entre a classificação em faturamento com bilheteria e sócio torcedor e a posição no ranking de torcidas). Quanto maior o GAP, melhor a performance e vice-versa.
Os dados foram coletados do relatório do Itaú BBA publicado em julho de 2019 e posteriormente foram classificados dentro da metodologia proposta. O número de torcedores foi baseado na última pesquisa Datafolha de abril de 2018.
Vamos ao ranking:
Os mais eficazes: Athletico, Grêmio, Internacional, Palmeiras e Ceará
Os cinco times conseguiram fazer as coisas certas, mesmo com uma base inferior a times de maiores torcidas. Pelo terceiro ano consecutivo Athletico, Palmeiras, Grêmio e Internacional aparecem entre os mais eficazes.
O Athletico subiu do segundo para o primeiro lugar mesmo com uma queda de 22% em arrecadação com sócio torcedor e bilheteria. O Grêmio subiu duas posições no ranking devido incremento de 23% com essas receitas.
Já o Internacional subiu três posições, provavelmente devido ao retorno para a Série A. Palmeiras continua performando muito bem dentro e fora de campo, subindo uma posição no ranking, com incremento de 32% nas receitas com bilheteria e sócio torcedor. Destaque especial para o Vozão, que saiu da Série B e foi muito eficaz com faturamento com bilheteria e sócio torcedor, com aumento significativo de 80%.
Por não fazer parte das doze maiores torcidas do Brasil e nem estarem em um centro tão grande, mais uma vez o Athletico e o Ceará merecem todos os destaques pela eficácia no faturamento com suas respectivas bases de torcedores.
Esses dados demonstram que o departamento de marketing dessas equipes está conseguindo excelentes resultados. Com faturamentos muito bons sobre uma base inferior à grandes torcidas do Brasil.
Os mais eficientes: Atlético Mineiro, Santos, Bahia, Flamengo, Cruzeiro e Fluminense.
Os seis times conseguiram fazer certo as coisas de acordo com a base de torcedores que é possível alcançar. Pelo terceiro ano o Atlético Mineiro e Bahia aparecem nesta posição, demonstrando consistência nos resultados.
O Galo subiu uma posição, principalmente devido à queda do Botafogo, que teve queda de 33% nas receitas. Bahia e Santos também subiram uma posição pelo mesmo motivo do Galo, inclusive mantiveram o mesmo faturamento com sócio torcedor e bilheteria.
Flamengo, a maior torcida do Brasil, se manteve entre os mais eficientes pelo segundo ano consecutivo, aumentando 13% o faturamento. O grande desafio do Flamengo é conseguir ativar de forma mais eficiente sua grande base de torcedores em todo o Brasil.
O Cruzeiro subiu duas posições no ranking devido incremento de 23% em faturamento com sócio torcedor e bilheteria, mas ainda precisa melhorar as ativações para obter mais retorno da sua base de torcedores.
Deixaram a desejar: Botafogo, Vitória, Corinthians, São Paulo, e Vasco da Gama.
Pelo terceiro ano consecutivo, Corinthians, São Paulo, Vitória e Vasco da Gama deixaram a desejar nesse quesito. O Botafogo despencou do primeiro lugar do ranking em 2017 para a décima segunda posição em 2018. A queda de 60% em faturamento provavelmente foi devido às receitas de bilheteria na Libertadores de 2017.
O Vasco da Gama, a quinta maior torcida do Brasil, continua deixando muito a desejar na sua gestão como um todo, sendo pelo segundo ano consecutivo o time menos eficiente em faturamento com sócio torcedor e bilheteria.
O Timão, também continua deixando a desejar, caindo ainda mais no ranking em comparação ao ano anterior. Com queda de arrecadação com bilheteria e sócio torcedor, é preciso ser mais efetivo para conseguir mais receita com sua enorme base de torcedores. O mesmo raciocínio vale para o São Paulo, que está estagnado em relação a 2017 com essa fonte de receita.
Uma forma de se avaliar esse ranking é o consumo per capta, que é a divisão de todo o faturamento com bilheteria e sócio torcedor pelo número de torcedores. Com essa divisão é possível fazer um exercício de quanto o torcedor de cada time consumiu de com planos de sócio torcedor e bilheteria e avaliar o potencial de compra. Partindo desse pressuposto segue um comparativo entre os rivais da mesma cidade:
São Paulo
- 1 torcedor do Palmeiras consumiu o mesmo que 5 torcedores do Corinthians;
- 1 torcedor do Palmeiras consumiu o mesmo que praticamente 6 torcedores do São Paulo;
- 1 torcedor do Palmeiras consumiu o mesmo que 3 torcedores do Santos;
- 1 torcedor do Santos consumiu o mesmo que 2 torcedores do Corinthians e do São Paulo.
Rio de Janeiro
- 1 torcedor do Botafogo consumiu o mesmo que 4 torcedores do Vasco;
- 1 torcedor do Botafogo consumiu o mesmo que 3 torcedores do Flamengo;
- 1 torcedor Fluminense consumiu o mesmo que 3 torcedores do Vasco e do Flamengo;
Rio Grande do Sul
- Os torcedores de Grêmio e Internacional consumiram praticamente igual.
Belo Horizonte
- 1 torcedor do Cruzeiro consumiu 60% a mais do que 1 torcedor do Atlético Mineiro.
Salvador
- 1 torcedor do Bahia consumiu o mesmo que 7 torcedores do Vitória.
Como no ranking publicado anteriormente, os dados deste ranking servem como parâmetro para o torcedor avaliar que apenas com uma gestão bem-feita em todos os departamentos é possível se atingir resultados sustentáveis.
Com essas análises é possível sugerir que nem sempre um time que não conquista títulos tem uma má gestão. Nesses casos, saber se comunicar muito bem com seus torcedores e trabalhar seus atributos, valores e propósitos, pode ser muito bem aceito e ter o sabor de uma conquista.
Parabéns ao Athletico, Grêmio, Internacional, Palmeiras e Ceará pela eficácia na conversão de sua base de torcedores em consumidores do programa sócios torcedor e bilheteria, principalmente os paranaenses e cearenses devido a base bem menor de torcedores e mesmo assim, estarem sendo muito eficazes na gestão do departamento de marketing.
Os dados da tabela acima são muito similares ao ranking do estudo sobre a efetividade dos times no gasto com jogadores. Nos dois estudos os destaques positivos e negativos são praticamente os mesmos, demonstrando quem está fazendo melhor trabalho de gestão do time de futebol e da base de torcedores.
Mais uma vez podemos verificar quanto alguns dos times com maiores torcidas do Brasil estão perdendo possibilidades de aumentar seu faturamento com a base de torcedores. Os motivos dessa baixa efetividade precisam ser investigados com mais detalhes para ser possível implementar estratégias que possam alterar esse cenário.
Pesquisar cada vez mais é preciso!!
Marcelo Paciello - Apaixonado por gestão e marketing esportivo. Mais de 10 anos como gestor de negócios, mestre e pesquisador em Gestão do Esporte especializado em marketing esportivo.
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