23/10/23

Grama sintética: do risco ambiental a lesões

gramado sintetico
Grama sintética: do risco ambiental a lesões.

A crescente preocupação com a sustentabilidade e a saúde humana tem levado a mudanças significativas em diversas indústrias, e o mundo do esporte não é exceção. A União Europeia (UE), recentemente, voltou seus olhos para um problema pouco discutido, mas de grande impacto: os microplásticos.

A Organização determinou o fim da comercialização, em 8 anos, dos microplásticos e produtos feitos a partir desse material.

 

  • E como isso afeta o futebol?

O foco está na borracha, usada como enchimento nesses campos, que é uma grande emissora de microplásticos (os microplásticos se desprendem da borracha), danosos ao meio ambiente e à saúde humana.

Um estudo de 2022 publicado na revista Environment International (link para o estudo) revelou a presença de microplásticos no sangue de 80% das pessoas analisadas nos Países Baixos. Os microplásticos chegam ao organismo desde o consumo de alimentos embalados até a própria inalação do ar.

Este dado acende um sinal de alerta e coloca em questão a segurança e a sustentabilidade dos gramados sintéticos, tão comuns em campos de futebol e outros esportes ao redor do mundo.

Riscos à Saúde

Estudos iniciais mostram que a presença de microplásticos do nylon no tecido pulmonar, por exemplo, pode afetar o "desenvolvimento de células tronco pulmonares, prejudicando pulmões em desenvolvimento e a cicatrização das vias aéreas" - Luís Fernando Amato, pós-graduando e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.

Segundo a Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA), 42.000 toneladas de microplásticos acabam no meio ambiente anualmente, com 16.000 toneladas provenientes de campos de grama artificial - A maior fonte de liberação.

estádio com grama sintética

Números como esses fizeram a Holanda banir, a partir de 2026, o uso da grama sintética em instalações esportivas.

A decisão da UE tem implicações significativas, especialmente para o futebol amador/base, em que boa parte de suas estruturas conta com esse tipo de piso.

A UEFA estima que há mais de 42 mil campos sintéticos na Europa.

No Brasil

Na Série A do Campeonato Brasileiro, Athletico Paranaense, Botafogo e Palmeiras são equipes que possuem gramado sintético em seus estádios. Nas categorias de base o sintético se faz bastante presente nos centros de treinamento. Athletico Paranaense, Cruzeiro, Palmeiras, Ibrachina, Juventus e Santo André são alguns que trabalham a formação de jogadores neste tipo de grama. Dentre os clubes citados, o Furacão se destaca pela inovação. O clube adotou soluções orgânicas para sua grama sintética, o que pode servir como um exemplo para a Europa e outros países se adaptarem às novas regulamentações ambientais.

Foto: Arena da Baixada

Foto: Agência Estado

Por aqui, a discussão sobre a grama sintética se concentra nos riscos que ela pode oferecer aos atletas e aumentar a incidência de lesões. - São Paulo e o Flamengo já criticaram os gramados sintéticos e pediram um debate sobre esses campos.

Nos Estados Unidos não é diferente.

Na NFL (liga de futebol americano), depois de mais uma séria contusão, agora com Aaron Rodgers (quarterback do New York Jets), a Associação de Jogadores (NFLPA) se pronunciou pedindo o fim dos gramados sintéticos na liga, sob o argumento que a grama natural é mais segura e diminui riscos de lesão.

  Foto: Elsa/Getty Images

Foto: Elsa/Getty Images

"Mudar todos os campos do estádio para superfícies de grama natural de alta qualidade é a decisão mais fácil que a NFL pode tomar". A esmagadora maioria dos jogadores prefere isso e os dados são claros de que a grama é simplesmente mais segura do que a artificial. É uma questão que esteve no topo da lista dos jogadores durante as visitas da minha equipe e que levantei com a NFL." - diretor executivo da NFLPA, Lloyd Howell.

NFL diz reconhecer a importância do debate, mas que é necessário uma pesquisa profunda para entender, biomecanicamente, o comportamento dos atletas nos diferentes pisos, e se comprovar que de fato o gramado sintético aumenta a probabilidade de lesões.

 

Afinal, o que diz a ciência sobre os gramados artificiais: eles provocam mais lesões?

Segundo Gustavo Jorge, Fisiologista ex-Corinthians e Santos, e professor da THE360, esta é uma discussão antiga.

"É uma discussão que existe nos EUA e na Europa há muito tempo. Foi o mesmo quando as marcas e fabricantes lançaram chuteiras com diferentes características e funcionalidades. Também houve uma discussão se uma chuteira ou outra poderia causar mais ou menos lesão."

Gustavo Jorge - Ex-Corinthians Prerador físico.

Embora os relatos dos atletas sobre jogar em gramados sintéticos não sejam os melhores, Gustavo Jorge afirma que não há consenso e nem prova concreta de que o gramado sintético é mais prejudicial ou arriscado, ou pode causar o risco de lesão a um atleta.

"Não há consenso, não há literatura para isso, não há informação científica para isso. A percepção dos atletas é negativa quando se trata de gramado sintético, mas não podemos dizer que o gramado sintético é uma causa de maior lesão.

No caso de jogadores que carregam lesões, os relatos são de dores aumentadas: "Atletas com outra lesão, como uma tendinite ou algo relacionado a sobrecarga, por exemplo, relatam uma dor aumentada após um jogo no gramado sintético. Mas, novamente, não há consenso sobre o gramado sintético ser mais prejudicial ou provocar mais lesões".

Planejamento e Conteúdo na THE360


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