24/02/18

CIDADES, CLUBES E O PERTENCIMENTO

Muito se tem dúvida sobre o surgimento do apelido para os americanos “Yankees”, dado principalmente aos americanos que residiam na “Nova Inglaterra”, e pasmem vocês, o termo pode até ter saído do nome Joãozinho, ou melhor, vindo da palavra Holandesa Janke, que significa “pequeno John” ou “pouco janeiro”.  Bem, apenas curiosidade da história.


Fato é que este apelido foi imensamente mostrado ao mundo através do time de beisebol New York Yankees, o clube que mais teve registros midiáticos na história dos esportes americanos. Com certeza em algum momento da sua vida você já assistiu na sessão da tarde algum filme em que tinha o famoso uniforme com riscas de giz e a sigla NY estampada. Também não precisava andar muitos quilômetros nas ruas das grandes cidades para encontrar um boné do time na cabeça de um menino ou menina, que certamente não sabia muito bem que time ou esporte era praticado por eles. Hoje o uso de bonés e artigos licenciados dos clubes é comum e muito maior, devido a popularização de várias modalidades de esporte e o crescimento global das grandes marcas e clubes.


Pertencer à uma cidade faz com que possamos receber muitos dos valores nela estabelecido, a cultura é enraizada em nós. Apreendemos e temos os sentimentos daquele povo, e basta um amigo de outra região nos perguntar algo sobre ela que enchemos o pulmão e logo falamos das maravilhas da nossa cidade, deixando, claro, de lado os vários problemas, ou usando destes problemas para fazer piadas com alegria. Já há alguns anos a palavra Place Branding entrou no vocabulário dos profissionais de gestão de marcas, tratando a grosso e simples modo para sermos breves como o DNA de lugares, seus valores, atributos, seu jeito de ser e sentir e suas singularidades, passando para fora, para visitantes. É o que aquele lugar tem a oferecer, como é seu povo, seus encantos, o que se respira no dia a dia.

E assim como o Yankees muitos clubes se confundem com a história de suas cidades, outros tantos estão nesta busca de aproximação de valores e os que não estão, deveriam estar, pois certamente antes de atingir o global se faz necessário o domínio local. Um exemplo de um clube que cada vez mais atrela-se à sua cidade é o PSG, agora ostentando em sua logo, além da Torre Eiffel, o nome da cidade PARIS, como se quisesse dizer em alto e bom tom: Somos parisienses com orgulho e o mundo todo nos conhece ou quer nos conhecer. Um princípio de trabalho para tornarem-se um clube mundial, à lá Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, retratado como parte do no livro “Show me the money” de Esteve Calzada. Uma excelente leitura.
 


 

Mais do que a simples e bela logo acima, aqui falamos de posicionamento, um estilo de ser, com valores e atributos bem definidos, como podem ver nas palavras do comunicado oficial do clube. O novo logotipo expressa o posicionamento do clube em torno do legado de excelência de Paris e seus dois valores universais: ética e estética. A Cidade da Luz, ícone incontestável no mundo inteiro, constitui uma alavanca excepcional para impulsionar o nome do Paris Saint-Germain.

Claro que ao falarmos de grande clubes, grande investimentos, nos parece fácil de atuar, de conseguir bons avanços, mas assim como facilidades financeiras também aumenta-se o desafio e a responsabilidade, principalmente no futebol, onde nem sempre resultados vêm como esperado. O ponto que quero chegar junto contigo é: Que tal nós, como gestores e comunicadores dentro dos clubes ou instituições, tentarmos uma aproximação com nosso local, buscar este pertencimento a favor do clube. Vejo clubes de cidades como Londrina, Caixas do Sul, Araraquara e por ai vai com excelente potencial de fixar raízes e dominar seu território.

Um caso muito emblemático na minha opinião é o de Franca. Para mim, amante do esporte e com formação no basquete, Franca sempre foi um time de basquete em meu pensamento de adolescente. Claro que com o passar do tempo e crescendo conheci a grande cidade que é Franca, com sua indústria de confecção notável, que exporta seus calçados para o mundo todo. Uma cidade atraente com toda a certeza.

E na única vez que lá estive percebi muitas cestas de basquete espalhadas pelas cidade, até tem alguns campinhos de futebol, mas pouco se comparado ao que a cidade respira: o basquete! No site do Franca você pode conhecer um pouco mais sobre a história deles. (http://www.francabasquete.com.br/o-clube/sobre/)

Realmente é muito interessante onde eles conseguiram chegar dentro de um esporte que quase sempre é esquecido pelo desporto nacional como um todo, governos e gestão, em muitas vezes ineficientes. Porém, ainda assim poderia tirar mais disso, um breve e simples exemplo: digitando a palavra Franca no Google, a primeira menção sobre o Franca Basquete esta na terceira página, e como sabemos nunca chegaremos lá, eu fui porque queria fazer disso um exemplo para lançar aqui. Nada como um bom trabalho de SEO, gestão de conteúdo, parcerias e inserção da marca em universidades, projetos sociais, escolas e centros de educação. Buscando o pertencimento e ganhando maior visibilidade.

É muito mais que isso, obviamente, o envolvimento do clube com suas raízes, se feito de maneira planejada e a longo prazo, certamente trará grandes resultados, é necessário trabalhar na base, engajando, junto a educação das crianças, parceria com prefeituras local, assistência social, parcerias e potencialização de marcas e empresas locais, estar de olho no turismo e não fugir nunca dos valores locais, até chegar o seu próximo passo, ai sim seu estado e por que não o mundo?

Por fim, destaco: trabalhar neste formato é uma grande possibilidade de atração de investimentos, novos talentos para jogar e claro novos e fiéis torcedores. Vai depender muito dos gestores, que assim como nas cidades, passam de 3 a 4 anos fixando totalmente em resultados e não pensando no futuro. Mas, precisamos começar, os clubes ficam! Até logo.

 

Jackson Mattos é um apaixonado por marcas, experiência com o consumidor e esportes. Especialista em Branding e Marketing, tendo atuado por cerca de 15 anos com marketing, sendo 10 destes anos com Marketing Esportivo dentro de clube de futebol.


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