19/09/18

Está cada vez mais difícil defender Sam Bradford (e não Josh Rosen) em Arizona

Duas semanas se passaram na temporada 2018 da NFL e os problemas under center continuam em pauta para Arizona. Em menos de um mês de campeonato regular, os Cardinals viram que o contrato assinado com Sam Bradford foi, de fato, um exagero. O valor US$ 20 milhões (com 75% disso garantido) por um ano estava fadado ao fracasso, afinal, Bradford atuou em apenas duas partidas em 2017. E ele é o mesmo quarterback que, atuando em pelo menos dez jogos de um campeonato, nunca teve uma temporada vitoriosa.

Esse planejamento ruim do Arizona Cardinals, em tese, foi mal feito. Na prática, idem. Contudo, a franquia ao menos foi sensata ao recrutar Josh Rosen na décima escolha geral do Draft 2018. A ideia era que Rosen fosse o futuro da equipe em alguns anos. No entanto, após duas rodadas, esse futuro talvez tenha chegado. Tem sido cada vez mais difícil apostar em Sam Bradford – e deixar Josh Rosen no banco de reservas.

Por que não Sam Bradford?

Desconsidere o salário e passado de Sam Bradford na NFL, e olhe apenas para os dois jogos disputados por ele neste ano: talvez a situação seja ainda pior. Pode ser difícil cravar isso, porém a impressão que fica é que a primeira escolha geral de 2010 está acabada. Isso pois o Arizona Cardinals tem média de três pontos por jogo até agora na temporada. Foram seis tentos anotados na estreia contra os Redskins na derrota por 24-6 e depois um revés de 34-0 para os Rams.

Contra Los Angeles, aliás, os Cardinals conquistaram apenas cinco first downs, que foi a menor marca do time desde 1950. Bradford, por sua vez, totalizou 90 jardas aéreas no jogo, pior marca de um QB de Arizona desde Ryan Lindley em 2012 (72).

O ataque liderado por Sam Bradford é, neste momento, o pior da NFL. Em médias por partida, ele está ranqueado como o último em pontos, jardas totais e jardas aéreas, e em penúltimo no quesito jardas corridas. Além disso, foram duas derrotas em dois jogos, três turnovers sofridos... Verdade seja dita, é injusto dizer que a culpa de tudo isso é de Bradford. Até porque estamos falando de uma defesa que permitiu mais de 400 jardas nas duas semanas iniciais. A questão aqui é que, enquanto defensivamente não há ótimas opções para mudar essa situação, o mesmo não pode ser dito no ataque.

Por que Josh Rosen?

Na NFL, o quarterback titular é aquele que coloca sua franquia em melhor posição para vencer seus jogos. Portanto, é uma combinação de talento, experiência, treinamentos, questão física e entendimento de jogo. Em dois confrontos disputados, os Cardinals têm ao todo 19 first downs, 350 jardas e seis pontos marcados. O placar geral para os oponentes contra Arizona até agora é 58-6. Ou seja, a competitividade imposta por Sam Bradford é mínima.

Em compensação, Josh Rosen está no banco de reservas. Rosen foi o quarto quarterback recrutado no último draft, apesar de ter sido apontado por muitos especialistas como o QB mais preparado de sua classe. A questão física e personalidade do jogador dentro de campo foram motivos dessa queda no draft, aparentemente. Contudo, no que diz respeito à consistência, mecânica e presença no pocket, Rosen é um jogador especial. Apostar nele significa “adiantar o futuro” para o Arizona Cardinals. A ideia da franquia não era ter que apostar no calouro agora, para não queimá-lo eventualmente, porém Arizona pode ficar em um beco sem saída. Beco esse que, se as expectativas forem correspondidas, pode se abrir facilmente sob o comando de Rosen.

Está cada vez mais difícil defender Bradford (e não Rosen) em Arizona

De fato, há o risco de Josh Rosen acabar “queimado” se for o titular dos Cardinals agora. Sempre há. Por outro lado, ele pode assumir a titularidade e mudar o ataque de Arizona com o ótimo toque na bola demonstrado enquanto em UCLA. Neste ano, vimos os também calouros Sam Darnold estreando bem pelos Jets e Josh Allen deixando claro que é o melhor QB dos Bills. Não que essas duas equipes vão pensar em playoffs. Todavia, além dos novatos as deixarem mais competitivas, já é o começo de um projeto a longo prazo.

O Arizona Cardinals tem em mãos um dos quarterbacks mais promissores da NFL. Ao mesmo tempo, vê em campo que o titular tem sido o pior signal caller da liga após duas semanas possivelmente. O mau rendimento na semana 1 foi ainda pior na rodada seguinte. A curto e longo prazo, está ficando cada vez mais inevitável não defender Josh Rosen, e apostar as fichas em Sam Bradford. A era Rosen em Glendale se aproxima. E partindo do pressuposto de talento, competitividade e ideia de “essa situação não pode piorar”, os Cardinals estarão certos quando isso acontecer.

Caio Miari Santos, 22 anos, jornalista e apaixonado por esportes, enfatizando os americanos, principalmente o futebol americano. É também fundador do Shotgun, no qual produz, apresenta e edita os podcasts do Rádio Shotgun! Contribui semanalmente com um texto sobre a bola oval para a THE360.

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