Os torcedores do New England Patriots pensaram que uma atuação pior do que a contra os Jaguars na semana 2 não era possível. Eles estavam errados, visto que na rodada seguinte, o time se mostrou ainda mais apático diante dos Lions. Para se ter uma noção, os Patriots tiveram que esperar mais de 26 minutos para conquistar o primeiro first down. E só conseguiram forçar um punt no último período. A equipe terminou derrotada por 26-10 e, pela segunda semana seguida, não se mostrou competitiva.
O quanto é anormal ver os Patriots assim
O New England Patriots não tinha duas derrotas seguidas em uma temporada desde 2015. Perder dois dos primeiros três jogos do campeonato, então, era algo que não acontecia desde 2012. Aliás, desde 2000, isso ocorreu somente quatro vezes, incluindo agora.
New England ficou limitado a dez pontos na semana 3. Desde que Tom Brady se tornou o titular da equipe (2001), quando ele foi o principal quarterback em campo por seu time (atuou em todos os momentos importantes), os Patriots marcaram dez ou menos pontos em apenas dez confrontos. Isso é menos de 5% dos jogos profissionais de Brady.
Rob Gronkowski, o qual é considerado o melhor tight end de sua geração, atravessa uma das piores fases da carreira. Gronk totalizou seis recepções e 66 jardas nas duas últimas rodadas. Em um espaço de duas semanas, essa é a produtividade mais baixa de Gronkowski desde 2011, quando ele ainda era segundo-anista e dividia snaps com Aaron Hernandez.
Como se não bastasse, o New England Patriots se tornou o primeiro time a permitir mais de 100 jardas corridas a um corredor dos Lions desde 2013. Isso durou 70 partidas (a maior sequência desde 1970) até o último domingo.
O que está acontecendo?
A verdade é que os Pats foram dominados nos dois lados da bola nas semanas 2 e 3. Contra os Texans na estreia, o começo até foi melhor, porém uma atuação em geral abaixo da média também. O atual New England Patriots vem tendo dificuldades em um quesito crucial da defesa: o pass rush. O front seven da franquia totaliza apenas quatro sacks em 2018; essa é a segunda pior marca da NFL. Ao mesmo tempo, os oponentes têm conseguido correr bem com a bola dirante dos Patriots; média de 143,3 jardas terrestres cedidas por partida.
Do outro lado da bola, o grupo de recebedores claramente precisa de ajustes. Os atuais wide receivers do elenco não estão conseguindo as separações necessárias dos marcadores durante as partidas, tampouco protagonizando grandes jogadas. Tanto que Brady obteve 4/10 nos passes e 44 jardas lançando para seus WRs contra Detroit. Além disso, os maus desempenhos dos wide receivers colocam as defesas adversárias em posição de dobrar a marcação em Rob Grownkowski mais vezes, o que explica o momento ruim do tight end.
No mais, a linha ofensiva também precisa melhorar, principalmente no que diz respeito a abrir espaço para seus corredores. Tenha em mente que nenhum dos running backs de New England com mais de 20 tentativas na temporadas tem média de jardas por corrida acima de 3,7. E que nenhum RB do elenco marcou um touchdown terrestre até agora.
Um pouco de pressão para o futuro próximo
Precoce ou não, e preciso ou não, o sinal de alerta está ligado em New England. Assim como esteve em 2014. Já vimos os Patriots com começos de temporada instáveis em outros anos também, como 2005, 2012 e até mesmo 2017. Não é algo comum, porém já aconteceu. Verdade seja dita, o mês de setembro vem sendo “mais sonolento” para Bill Belichick. A questão nesta temporada não é a campanha 1-2 propriamente dita, mas sim a forma como o time se apresentou.
Para os problemas ofensivos, a perspectiva é de melhora, uma vez que Julian Edelman e Josh Gordon deverão estar em campo nas próximas duas rodadas. Defensivamente, o grupo também tem desfalques, mas é inegável que haja uma preocupação. As peças de reposição não têm o impacto de Edelman e Gordon para setor.
Neste ano, o New England Patriots espera que o pensamento “a dinastia acabou” tenha o mesmo desfecho de ocasiões anteriores. Levando em conta as temporadas de 2005, 2012, 2014 e 2017, as quais receberam gritos de “a dinastia acabou”, saiba que os Patriots estiveram nos playoffs em todos esses anos. Ainda, três vezes chegou à final de conferência, e duas ao Super Bowl.
Não existe garantia alguma que esse ano será como os outros destacados, e que o time dará a volta por cima. Todavia, por tudo que já vimos de Brady e Belichick na NFL, eles merecem um voto de confiança neste momento. Mas a pressão é inevitável. Os Patriots agora enfrentam o invicto Miami Dolphins. Em caso de mais um revés, New England ficará com três jogos de desvantagem para o líder da divisão. Detalhe: os Pats perderam três partidas seguidas apenas uma vez na era Brady-Belichick – e faz 16 anos.
Caio Miari Santos, 22 anos, jornalista e apaixonado por esportes, enfatizando os americanos, principalmente o futebol americano. É também fundador do Shotgun, no qual produz, apresenta e edita os podcasts do Rádio Shotgun! Contribui semanalmente com um texto sobre a bola oval para a THE360.
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