04/10/18

Patrick Mahomes nos Chiefs: uma questão que vai muito além dos números

O objetivo central de todas as franquias da NFL é encontrar um franchise quarterback. O cenário ideal para as equipes é ter certeza que, ao começo de cada temporada, um nome confiável e competitivo estará under center. Isso explica porque os QBs são os mais bem pagos da liga em média, os mais observados no draft e os mais preteridos na offseason. Tudo isso pois a posição é a mais importante do futebol americano.

Para os times, ter um franchise quarterback é um sinal verde para construir um grupo de alto nível. De nada adianta um elenco em geral competitivo, se o QB no centro do sistema é muito abaixo da média. É melhor que se tenha um elenco “meia boca”, porém com um quarterback de elite.

Foi com tudo isso em mente que o Kansas City Chiefs se envolveu em uma troca para subir da 27ª para a 10ª posição geral no Draft 2017. A franquia mirou um quarterback –e acertou. Os Chiefs recrutaram Patrick Mahomes, o qual atuou pela universidade de Texas Tech no college football.

Mahomes dividia opiniões, visto que atuou em um sistema único dos Red Raiders no futebol americano universitário. O braço de Patrick sempre foi sua principal arma, contudo as preocupações eram como o jovem se desenvolveria na NFL. Em outras palavras, ele era (ainda é na verdade) um diamante a ser lapidado. Se bem feito o processo, seria um acerto histórico..

Patrick Mahomes chegou a Kansas City como o sucessor de Alex Smith. Smith tinha 33 anos no ano passado e, além disso, nunca foi um quarterback de sucesso nos playoffs, apesar de estatísticas decentes na carreira. O plano era manter Alex Smith por lá durante 2017, com Patrick Mahomes no banco de reservas ganhando experiência. Quando Smith deixasse o elenco, Mahomes assumia o comando. Bingo!

O histórico começo de temporada de Patrick Mahomes

2018 marca o primeiro ano de Patrick Mahomes como titular do Kansas City Chiefs. Normalmente, um jovem quarterback, em suas primeiras aparições profissionais, oscila durante os jogos, comete erros “infantis”, sofre turnovers, perde partidas. É comum. Mas esse não foi o caso para Mahomes.

Quatro semanas se passaram nesta temporada e Mahomes ainda não sabe o que é ser derrotado como quarterback profissional. Mais que isso: o QB assustou o mundo da NFL pelo talento, potência dos lançamentos, personalidade e estatísticas. No primeiro mês de campeonato, ele fez passes complicados, como os contra o movimento do corpo, por exemplo, parecerem fáceis. Como citado, a combinação de talento e força no braço de Mahomes é algo raramente visto no futebol americano.

Curioso é que a maioria dos quarterbacks com um ótimo braço que chegam à liga costuma cometer muitos erros. Afinal, é difícil assimilar o que deve e o que não deve ser feito quando se tem um “canhão” nas mãos. Com Patrick Mahomes, não foi assim – pelo menos não até agora.

Mahomes totaliza 65% de aproveitamento nos passes, 1.200 jardas, 14 touchdowns aéreos e nenhuma interceptação. Nenhuma! Os 14 TDs em quatro confrontos, se mantida a média, resultarão em 56 após o término do campeonato. Isso ultrapassaria Peyton Manning, 55, o qual segura o recorde de mais touchdowns lançados em uma temporada. Além disso, na semana 2, Patrick passou para seis touchdowns, tornando-se o QB mais jovem da história a alcançar a marca (22 anos e 364 dias).

Não por acaso, ele é visto como o MVP da NFL após um mês de campeonato disputado.

Ele cairá de produção, mas a questão não é essa

É apenas questão de tempo até Patrick Mahomes oscilar. Os touchdowns não aparecerão, os primeiros turnovers surgirão e decisões erradas estarão em pauta. Não se esqueça ainda que as defesas adversárias passarão a estudar Mahomes bem mais detalhadamente do que quando fizeram no começo da temporada. Seria algo sem precedentes – em nenhum esporte do planeta, aliás – ver um jogador com uma carreira marcada somente por partidas impecáveis. Isso é utópico. Mas a questão principal não é essa.

Na história da NFL, vários quarterbacks foram vistos com sequências e/ou feitos brilhantes. Mark Sanchez foi para duas finais de AFC consecutivas. Matt Flynn totalizou seis TDs aéreos em um jogo (2012). Ryan Fitzpatrick, neste ano, tornou-se o único da história com 400/+ jardas nos primeiros três confrontos. Enfim, são bons dias, boas sequências, às vezes sorte. Diga-se de passagem, Sanchez está desempregado, Flynn se aposentou e Fitzpatrick é reserva em Tampa Bay. A questão para Patrick Mahomes não são os números, mas sim o que ele significa para o Kansas City Chiefs.

Por mais imprevisível que a NFL seja, é sensato afirmar: os Chiefs encontraram seu novo franchise quarterback! O talento, o sistema em que está inserido, a tomada de decisões e a personalidade de Patrick Mahomes possibilitam dizer isso.

A partir de agora, Andy Reid pode construir seus planos de jogo semanalmente em torno de um QB. E o general manager Brett Veach sabe que deve se preocupar em reunir talentos a curto e longo prazo para o time; não encontrar uma referência para os que já estão lá. Era exatamente isso que os Chiefs buscavam quando recrutaram Patrick Mahomes. Mas nada era certo naquele momento, e a esperança era que Mahomes vingasse em período de dois ou três anos. Após quatro semanas em 2018, contudo, Kansas City sabe que seu futuro está em boas mãos.

Caio Miari Santos, 22 anos, jornalista e apaixonado por esportes, enfatizando os americanos, principalmente o futebol americano. É também fundador do Shotgun, no qual produz, apresenta e edita os podcasts do Rádio Shotgun! Contribui semanalmente com um texto sobre a bola oval para a THE360.

Site da Shotgun | Rádio Shotgun


Compartilhe

Compartilhar

PARCEIROS

Arena Corinthians
Grupo Figer
hudl
Trevisan
Doentes por Futebol
Editora Grande Área
Arima e Associados
CNB
5e27
OutfField
Tactical Pad
LGZn
Ticket Agora
Player Hunter
Maringá Futebol Clube
Mogi das Cruzes Basquete
gradeUP
Mitchell & Ness
End to End
SporTI