Neste texto gostaria de trazer aos leitores um pouco de reflexão sobre "Cultura", Cultura das empresas, ou melhor, cultura dos clubes e/ou instituições ligadas ao futebol e dos esportes em geral.
Certa vez escutei a respeito de "Aculturar". Esta palavra tem em seu significado a existência de uma interação social, agregando pensamentos e crenças na cultura já enraizada dentro de alguma determinada região ou grupo. Claro que é um assunto bastante amplo, trazido para retratar até mesmo evolução de sociedades, países e povos, mas pode ajudar muito a entender como fortalecer vínculos entre os clubes de ontem, hoje e do amanhã com seus fãs.
Penso que a cultura em si, de um povo ou um clube, que é nosso assunto por aqui, não possa ser totalmente mudada, mas sim moldada e que evoluções de pensamento ou tecnologias devem acontecer. Está aí o VAR, está aí as arenas modernas para comprovar, mas sempre sem perder o DNA e os valores.
Tenho me perguntado muito sobre isso: o que os clubes têm feito para manter suas tradições? Deveríamos mostrar às crianças e jovens os porquês do clube existir, quais seus valores e onde queremos chegar.
Percebo que muitas diretorias acabam colocando seus pontos de vista a frente da própria história e isso pode não dar muito certo, até porque dirigentes passam, o clube não. Ressalto novamente, acredito que é possível agregar, trazer novas soluções e novos pensamento de evolução, mas nunca desprender-se da identidade.
Alguns clubes defendem muito bem sua identidade. Pegarei o Grêmio como exemplo, clube que novamente briga para ir à final de libertadores, com ótimas chances por sinal. Pergunte para qualquer torcedor do Grêmio o que é ser gremista. Certamente ele falará: somos um time de copas, temos uma raça sem igual e como no próprio hino diz "Até a pé nós iremos / Para o que der e vier".
Aí você pode me dizer, mas todos deveriam ser times da raça! Sim, esportivamente falando sim, mas baseado na Cultura nem todos conseguem passar isso de geração em geração.
Para continuar exemplificando meu pensamento, podemos sair do Brasil e citar o Barça e Real. A cultura destes clubes são perceptíveis para todos. Por um lado você tem um clube muito grande, de muitas conquistas internacionais, com contratações estratosféricas, mostrando toda sua força econômica e a ligação dos tempos antigos com a realeza espanhola e os mais endinheirados da sociedade, porém por outro lado os gigantes do futebol, que acenderam para o mundo com incríveis títulos em sequência, trazem o seu DNA local, de formação de união de um povo, uma região, "más que un club".
O mais interessante disso tudo é notar que cultura e identidade de marca não é o que se promete ou que se fala através dos dirigentes, jogadores ou imprensa, mas sim o que a torcida sente, o que se verbaliza dentro de um estádio ou em uma conversa com os amigos.
Penso que nós como profissionais de marketing, gestores de marcas ou diretores dos clubes deveríamos buscar mais as raízes, entender um pouco mais sobre a cultura enraizada em seus clubes e usar isso a favor dos bons negócios e resultados, mesmo que hoje o tal famoso "futebol moderno" faça com que tenhamos cada vez mais a necessidade de valorizar ingressos, acabar aumentando valores de produtos licenciados / oficiais e muitas vezes se distanciar daquele torcedor que um dia foi ao estádio com seu radinho de pilha, chorou com vitórias ou derrotas, mas que chegou em casa e contou para todos sobre a emoção que foi torcer pelo seu clube do coração e assim passar toda essa história de mãe pra filha, de vô para o neto.
Jackson Mattos é um apaixonado por marcas, experiência com o consumidor e esportes. Especialista em Branding e Marketing, tendo atuado por cerca de 15 anos com marketing, sendo 10 destes anos com Marketing Esportivo dentro de clube de futebol.
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