21/11/18

Continuam vendendo o Mickey Mouse, até quando?

Nessa semana foi comemorado o nonagésimo aniversário do Mickey Mouse. A estreia do desenho sonoro intitulado "Steamboat Willie", o primeiro desenho animado sonoro, foi apresentado no Colony Theatre em Nova York foi no dia 18 de novembro de 2018 para uma enorme plateia que aguardava ansiosamente pela primeira aparição de Mickey Mouse.

O talento de Walt Disney, que se transformou num grande império de mídia e entretenimento do século XXI, teve o pequeno casal dos ratinhos carismáticos como ponto de partida e que se mantém até hoje como um das principais marcas da Disney.

Como já tive a oportunidade de escrever várias vezes, se a Disney fosse gerida pelos gestores do futebol brasileiro, já teriam vendido o Mickey Mouse e praticamente todas as personagens criadas por Walt Disney. Essa sangria de jogadores jovens do futebol brasileiro vem aumentando a cada ano, sendo responsável pela segunda maior fonte de receita dos times brasileiro, perdendo apenas para os direitos de TV.

A cada ano que passa escutamos argumentos dos dirigentes de que não tem como segurar os jogadores ou que, se não houver venda de jogadores, a conta não fecha. Com base nos relatórios consolidados do 2017 publicados pelo Itau BBA, Flamengo e Palmeiras são os maiores responsáveis pelo incremento do resultado positivo dos clubes brasileiros, com 38% da geração de caixa. Isso significa que a venda de jogadores, além de ser a venda de um patrimônio do clube, não é suficiente para fechar as contas no final do ano da grande maioria dos times brasileiros.

O resultado dessa sangria vem com o atual nível técnico do futebol atualmente praticado no país. Com exceção de raríssimos jogos do campeonato brasileiro e as fases decisivas da Copa do Brasil, os jogos são de baixo nível, com excesso bolas longas, cruzamentos, gols de bola parada, erros grosseiros de jogadores, tudo isso combinado com o excesso de jogos, viagens e campeonatos com baixa atratividade.

O resultados desta combinação é o ciclo vicioso que se encontra o futebol brasileiro na atualidade:

1) Gestão política nos clubes, federações e confederação;

2) Campeonatos sem atratividade e excesso de jogos;

3) Clubes não conseguem atrair patrocinadores;

4) Excesso de jogos faz com que a qualidade do espetáculo seja baixa;

5) Menos torcedores nos jogos;

6) Clubes com problemas financeiros;

7) Venda de jogadores para poder gerar caixa;

8) Volte ao item 1.

Caso o ciclo acima fosse aplicado na Disney todos os personagens já teriam sido vendidos, começando pelo casal de camundongos mais famosos do mundo. Como é de notório conhecimento de todos, a Disney não vendeu seus personagens e é um enorme sucesso de entretenimento mundial e que se auto alimenta num ciclo virtuoso sustentável:

  1. Gestão profissional;
  2. Parques temáticos e produções atrativas para vários públicos alvos;
  3. Marca forte consegue atrair vários parceiros comerciais;
  4. Qualidade do espetáculo sempre encantador;
  5. Parques temáticos sempre cheios;
  6. Geração de lucro;
  7. Criação de novos produtos e personagens além de reforçar a marca dos atuais;
  8. Volte ao item 1.

Sempre somos repetitivos em termos da necessidade da profissionalização da gestão e a cada ano assistimos ao ciclo vicioso se repetir, principalmente devido à atual visão política que impera no esporte brasileiro.

Segundo coluna do Paulo Vinícius Coelho na Folha do último domingo, o futebol brasileiro exporta em média 64 jogadores durante a Série A e teve 42 brasileiros em campo na última rodada de Champion League. Até quando nossos Mickey Mouses serão vendidos a cada janela do futebol europeu?

Como o exemplo de Walt Disney passa longe da visão dos atuais gestores do futebol brasileiro, no atual momento parece que nos resta recorrer à legião de super-heróis de Stan Lee, outro gênio que nos deixou na semana passada.

Talvez precisaremos recorrer aos Vingadores e ao Quarteto Fantástico para nos ajudar a mudar o atual cenário, mas que seja rápido, pois caso contrário nossos futuros super-heróis rapidamente serão vendidos e o nosso destino e das futuras gerações será apreciar ídolos apenas pela tela dos aparelhos eletrônicos, aplicativos, games e Smart TVs, ou recorrer a imagens de VHS, Youtube e de jornais do passado, onde víamos a cada semana o show dos super-heróis do futebol nos gramados de norte a sul do Brasil.

Marcelo Paciello - Apaixonado por gestão e marketing esportivo. Mais de 10 anos como gestor de negócios, mestre e pesquisador em Gestão do Esporte especializado em marketing esportivo.


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