Durante o mês de fevereiro tivemos o Super Bowl 53 da NFL e o All Star Games da NBA. Dois eventos que são sucesso dentro do conceito Sportainment. Como não sou chegado à festa de Momo, mas estudo o esporte também como um evento de entretenimento, me veio a ideia de imaginar como seria administrada a LIESA (Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro) se fosse gerida pelos americanos.
Convido o leitor a embarcar num exercício de imaginação sobre as oportunidades de negócio que poderiam ser geradas através de uma gestão americana para um dos maiores produtos exportação do Brasil:
- visando internacionalizar a marca, a liga se chamaria NCL - National Carnival League;
- baseado na visão e missão da liga, seria criado um logo que comunicasse a imagem da NCL para o mundo;
- a LIESA tem um site bem amador e nada em outras línguas. O site seria em 3 línguas (português, inglês e espanhol) além de ser muito mais interativa, para baixar músicas, ver conteúdos exclusivos, ter uma loja virtual;
- ativar páginas no Facebook, Instagram, Twitter, Periscope para se relacionar com seu público. A LIESA tem uma página com apenas um pouco mais de 20.000 seguidores no Facebook, míseros 324 no Twitter e 165 no Youtube, além de não ter conta no Instagram. Num mundo totalmente digital ao analisar esses números não parece que se trata de um dos maiores produtos de entretenimento do Brasil;
- visando aumentar as receitas no sambódromo o desfile das 12 escolas de samba seria feito em 3 noites. Além disso, o horário da transmissão seria as 20h, sendo cada dia transmitido para uma emissora diferente. Dessa forma a audiência aumentaria, as receitas com patrocinadores também, além do produto poder ser comercializado para o exterior, principalmente Estados Unidos e Ásia;
- todo o sambódromo teria cobertura Wifi onde os espectadores poderiam ter acesso à conteúdos exclusivos, comprar comidas e bebidas, checar melhores opções de ida e volta, ter uma enorme loja de produtos licenciados. Além disso, todos poderiam dar notas para todos os quesitos, que teriam um peso adicional nas notas determinadas pela comissão julgadora de cada quesito;
-o sambódromo poderia ter Naming Rights tanto para todo o complexo, como para cada setor, onde vários tipos de ativações poderiam ser feitas;
- a premiação seria efetuada na sexta feira a noite em um evento como a premiação do Oscar, onde várias formas de premiação poderiam ser efetuadas e não haveria mais a apuração das notas, mas sim uma grande festa com a divulgação dos ganhadores de cada quesito até a divulgação da escola campeã;
- no sábado serie efetuada a festa das campeãs;
- durante todo o período do Carnaval, várias tendas com experiências estariam disponíveis para todos os fãs, não necessariamente apenas para os que compraram ingressos para os desfiles;
- visando internacionalizar a marca, a NCL buscaria fazer várias exibições com todas as 12 escolas em cidades do mundo e do Brasil, simulando um desfile igual aos efetuados no Carnaval, mantendo as escolas ativas durante todo o ano;
- criação de Cidade do Carnaval, uma grande Disneylândia do samba, onde teriam várias atrações para os turistas e fãs do samba, com museus, lojas, alimentação, oficinas para fazer fantasias, tocar instrumentos, compor samba enredos, aprender a dançar samba e no final do dia, uma escola de samba faria um desfile onde os quem quiser pode pagar para participar da parada junto com uma escola de samba, vivendo uma grande experiência além de gerar centenas de empregos permanentes e aumento do turismo no Rio de Janeiro;
- criação de uma série de produtos licenciados (ex: camisetas, bonés, fantasias, bonecos, baixar os sambas enredos atuais e do passada). Essas vendas poderiam ser feitas pela internet, via aplicativo;
- cada escola teria como uma das suas responsabilidades efetuar ações sociais em suas respectivas comunidades. As melhores ações seriam premiadas na grande festa de premiação;
- as escolas seriam obrigadas a desenvolver projetos sociais nas escolas para desenvolver as habilidades das crianças em aulas de música, dança, criação, confecção, redação, além de várias atividades de suporte. Dessa forma seria possível tirar as crianças das ruas, mantendo-as o dia inteiro na escola, além de dar a oportunidade de uma profissão para os jovens.
Como comentado pelo meu amigo Venceslau Stankus durante a semana sobre as ações da NFL para o Super Bowl: " nosso cérebro tem uma dificuldade natural para criar imagens e sensações do que não se tem referência. Essas ações parecem coisa de um futuro distante, quase inacessível no Brasil".
Posso estar viajando nas ideias, ainda mais em alguns quesitos culturais, mas com certeza conhecimento e habilidade para colocar essas ideias em prática, o brasileiro possui, além do samba fazer parte da cultura brasileira, o que falta é a atitude para mudar de patamar, transformando esse produto em um grande entretenimento de classe mundial, fazendo esse futuro distante virar realidade no Brasil.
As ideias acima são apenas algumas possibilidades que poderiam ser exploradas para acompanhar a evolução, harmonia, ritmo, criando um novo enredo para as oportunidades de negócio que podem ser geradas, fazendo com que a NCL rode a baiana do entretimento, acelerando o ritmo da bateria, fazendo com que o Brasil entre no circuito do entretenimento global de alto nível.
Marcelo Paciello - Apaixonado por gestão e marketing esportivo. Mais de 10 anos como gestor de negócios, mestre e pesquisador em Gestão do Esporte especializado em marketing esportivo.
PARCEIROS