Recentemente saíram os balanços dos times brasileiros demonstrando o incremento de receitas em comparação a 2017. Dentre os números, mais uma vez as cotas de TV continuam sendo uma das maiores fontes de receita dos times brasileiros. Excluindo a receita com venda de jogadores, as receitas com direitos de TV representaram 51% de tudo o que os 20 principais clubes brasileiros arrecadaram no ano passado.
Em comparação, no último relatório Football Money League, as receitas com direitos de TV dos principais times europeus representaram 43% do total, com tendência de queda em comparação à temporada anterior. Por outro lado, as receitas com patrocínio, licenciamento, tour em estádios entre outros estão crescendo a cada ano, com 40% do total das receitas, enquanto no Brasil essa fonte de receita representou apenas 13%.
Como a receita de TV é a principal fonte de receita dos times brasileiros, vale a pena avaliar como a diferença dos valores entre os times brasileiros podem estar impactando no espetáculo em campo em comparação aos times ingleses.
Segue abaixo ranking de faturamento com TV dos 20 times brasileiros em 2018:
Posição |
Time |
Faturamento |
1 |
Flamengo |
222 |
2 |
Corinthians |
198 |
3 |
Cruzeiro |
191 |
4 |
Grêmio |
137 |
5 |
Palmeiras |
137 |
6 |
São Paulo |
135 |
7 |
Fluminense |
113 |
8 |
Santos |
103 |
9 |
Internacional |
102 |
10 |
Atlético MG |
100 |
11 |
Vasco |
100 |
12 |
Botafogo |
94 |
13 |
Bahia |
75 |
14 |
Athlético |
59 |
15 |
Coritiba |
59 |
16 |
Vitória |
49 |
17 |
Sport |
43 |
18 |
Goiás |
35 |
19 |
Chapecoense |
35 |
20 |
Ceará |
25 |
Fonte: Sports Value
Obs: Os valores que constam nos balanços são referentes à todos os direitos de transmissão, mas a maior parte do total refere-se ao Campeonato Brasileiro.
Segue abaixo ranking de faturamento com TV dos 20 times da Premiere League na temporada 2018/2019:
Posição |
Time |
Faturamento 2018/2019 |
1 |
Liverpool |
149 |
2 |
Manchester City |
148 |
3 |
Chealsea |
143 |
4 |
Tottenham |
142 |
5 |
Arsenal |
139 |
6 |
Manchester Utd. |
139 |
7 |
Everton |
125 |
8 |
Wolverhampton |
124 |
9 |
Leicester |
120 |
10 |
West Ham |
118 |
11 |
Newcastle |
115 |
12 |
Watford |
113 |
13 |
Crystal Palace |
111 |
14 |
Bournemouth |
107 |
15 |
Brunley |
104 |
16 |
Brighton |
103 |
17 |
Southhampton |
102 |
18 |
Cardiff |
100 |
19 |
Fulham |
99 |
20 |
Huddersfield |
94 |
No livro de The Club, desde o princípio da fundação da Premiere League foi definido que o fator entre o maior e menor faturamento com cotas de TV deveria ser de 1,6 vezes. Os dados acima demonstram que a regra continua a mesma após 25 anos. (matéria do Lei Em Campo)
As cotas de TV são importantes na Premiere League para manter o alto nível dos jogos, atrair grandes jogadores, treinadores e patrocinadores globais. Por isso que uma divisão mais igualitária faz com que os jogos sejam extremamente disputados, pois nenhum time que ser rebaixado e perder esse faturamento.
De acordo com o livro, a disputa para permanecer na Premiere League é um dos motivos dos jogos serem extremamente disputados. Apenas como comparação, o Huddersfield recebeu na última temporada o referente a duas premiações para o campeão da Champions League.
Essa divisão mais igualitária nas cotas de TV na Inglaterra faz com que os clubes busquem outras receitas para se diferenciarem, principalmente na área comercial.
Por outro lado, o ranking dos clubes brasileiros demonstra uma grande discrepância em comparação aos ingleses. O Flamengo fatura 1,6 vezes que o sexto colocado, São Paulo Futebol Clube. Ao se considerar o último colocado, a diferença é de 8,9 vezes. Caso o fator utilizado na Inglaterra fosse replicado no Brasil, o Ceará deveria receber R$ 133 milhões, cinco vezes mais do que arrecadou com TV no ano passado, já o São Paulo receberia R$ 210 milhões, 55% maior do que recebeu.
Sabemos que essa realidade não é possível de se replicar no Brasil, mas é fundamental que essa diferença seja minimizada para aumentar a competitividade entre os times e consequentemente a qualidade dos jogos no Brasil.
Os números acima demonstram que as cotas de TV são fundamentais para os times conseguirem melhorar seus elencos e a qualidade dos jogos mas, em caso de uma divisão mais igualitária, os clubes poderiam buscar outras fontes de receita com bilheteria e principalmente das receitas provenientes da área comercial, com patrocínio e com licenciamentos, entre outros. Além disso, as receitas com venda de jogadores poderiam cair, fazendo com que os times mantivessem seus elencos por mais tempo, além de atrair jogadores de bom nível técnico para o mercado brasileiro.
As receitas de TV demonstram bem as diferenças culturais entre Brasil e Inglaterra, onde podemos observar que no nosso país que o individual ainda impera sobre o coletivo. Enquanto essa mentalidade não se alterar, ainda veremos essas grandes diferenças na nossa sociedade e que infelizmente se repete no futebol.
O futebol poderia tomar uma medida educadora, visando reduzir as diferenças e que possa ser replicado na nossa sociedade. Em 2019 haverá mudanças na divisão de cotas da TV aberta, mas aparentemente as receitas com pay per view podem desequilibrar essa diferença novamente.
Vamos aguardar os números de 2019 para checar se as diferenças serão reduzidas.
Marcelo Paciello - Apaixonado por gestão e marketing esportivo. Mais de 10 anos como gestor de negócios, mestre e pesquisador em Gestão do Esporte especializado em marketing esportivo.
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