Passamos por uma transformação no comércio de produtos e serviços, isso é notável e muito debatido por estudiosos, professores e profissionais. Falar que neste mundo moderno cada vez mais as pessoas buscam informações, experiências e fecham negócios devido às relações na web já não é mais novidade alguma.
Assim como falar da constante inserção de novos usuários conectados, millennials, centennials e a evolução da banda de internet é chover no molhado.
Com esse pensamento inicio uma provocação para nós profissionais dentro da indústria do esporte, com especial atenção ao futebol. Por que não estamos ainda usando as ferramentas de gestão e estratégia de forma efetiva e perene? Por que estamos deixando de conectar e transformar a paixão enraizada nos torcedores em consumo e receitas?
Pergunte aos gestores do clube se eles possuem um CRM ativo. Você provavelmente irá se surpreender com a resposta, com raras exceções.
Você pode até dizer. Tem clubes que já estão fazendo muito bem o trabalho de atração destes torcedores para fechar negócios! Sim, tem alguns poucos clubes usando técnicas de Inbound Marketing que conseguem transformar a paixão do seu torcedor em interesse de compra. Mas pensa comigo, pegando as 3 séries principais do nosso campeonato Brasileiro, temos 60 clubes, em diversos tamanhos, com diversas histórias. Agora todos têm algo em comum. Todos têm grupos de torcedores apaixonados.
Vamos em frente, quando analisamos as táticas de empresas como Netshoes, um dos pioneiros do e-commerce no Brasil, Wine, Natura, Chilli Beans entre tantas grandes empresas presentes fortemente no mundo digital ou indo para o mundo de futebol, nos casos dos clubes Espanhóis e Ingleses, constatamos: como estamos engatinhando. Isso sem falar nos americanos, ai sim é covardia.
Eu vejo no mínimo 4 grandes comércios dentro de um clube de futebol: Loja, venda de ingressos, venda de associações e conteúdo exclusivo (OTT é uma realidade, afinal só os clubes possuem conteúdos de bastidores, entrevistas especiais e muito mais).
Estes comércios estão atrelados, do físico para a web ou vice-versa. Muita das vezes a atração é na web, mas o consumo e a experiência é no físico. Um exemplo disso é o constante avanço da Amazon no mundo físico, quem diria que a maior .com do mundo teria loja física nos EUA, claro, o físico de uma maneira inovadora, cheia de tecnologia e experiências incríveis e conectada ao universo digital.
Também consigo perceber que a criação de conteúdo já é bastante rica e de qualidade em muitos clubes. Talvez a linguagem ainda possa ser melhor trabalhada, a redação / comunicação de vários clubes ainda escreve no formato bastante impessoal, mais tradicional, informativo, uma via só.
A questão aqui é unir o útil ao agradável, muita interação utilizando bons textos, belas imagens e ótimos vídeos (temos ótimas TVs de clubes), com o sentimento de atrair este potencial consumidor. O conteúdo é peça fundamental neste cenário. E confesso que ter este conteúdo de forma moderna e mais aberta é um bom desafio, afinal em tempos de vacas magras, o clube não tendo bons resultados em campo, não é nada fácil.
Aqui compartilho com você uma metodologia de Inbound da HubSpot, que traz um caminho interessante a ser percorrido pelo time de marketing e comunicação.
Não é simples, vai exigir softwares, um certo investimento em analistas de dados, muito tempo e outras funções e ferramentas importantes para que se consiga percorrer este caminho de forma eficiente, porém já diria um velho ditado, o ótimo é inimigo do bom. Podemos e devemos começar com as ferramentas e mentes que temos. Além claro da conquista e convencimento que você vai precisar para que todos no clube, principalmente em nível de presidência, entenda esta importância. De novo, você poderá se surpreender com o que vai ouvir e receber de retorno por parte deles.
A ideia aqui é que possamos deixar de focar no marketing tradicional, atualizando a forma de passar mensagens, antes em massa e perturbantes, para um conteúdo de qualidade, específico, focado no cliente e em multicanais, segui-los e alimentá-los onde eles passam muitas horas do seu dia.
Fato é que no mundo de hoje não faz mais sentido falar em off ou on, está tudo interligado, as marcas devem cada vez mais ser pessoais, dialogar, navegar em todos os ambientes e trazer o filho para dentro de casa.
E dentro da casa do futebol, muita das vezes nos apegamos a buscar os grandes patrocinadores, grandes fornecedores de material esportivo, venda de camarotes entre outros, e de fato essas propriedades fazem com que os clubes arrecadem muito dinheiro e sobrevivam, além da receita de TV e venda de jogadores para mercados ricos, mas temos ai um espaço vago, um comércio bastante grande a espera de atração e conversão em uma nova receita e com capacidade de mensurar muito bem os resultados.
Vamos ao trabalho, ousemos ser diferentes.
Bons negócios!
Jackson Mattos é um apaixonado por marcas, experiência com o consumidor e esportes. Especialista em Branding e Marketing, tendo atuado por cerca de 15 anos com marketing, sendo 10 destes anos com Marketing Esportivo dentro de clube de futebol.
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