25/11/19

ANÁLISE TÁTICA – RIVER PLATE NA FINAL DA LIBERTADORES

De forma pontual, faremos uma análise e verificar alguns conceitos utilizados pela equipe do River Plate para conseguir, por boa parte do jogo, minimizar os pontos fortes do Flamengo. De forma geral, desde sábado muitas pessoas vem dizendo e repetindo que a equipe do Flamengo “pipocou”, que não estava habituado a disputar uma partida daquele nível, entre outros argumentos que estamos acostumados a ouvir de torcedores e que faz parte, sem dúvidas que a parte mental é altamente exigida em um jogo tão importante quanto esta final, trazendo por vezes uma falta de concentração. Mas o intuito desse texto é analisar de forma profissional o âmbito tático o porque da atuação do Flamengo diferente do que estávamos habituado a visualizar, e dentro disso escolhi e achei o melhor caminho, perceber e analisar o que a equipe do River proporcionou para dificultar o jogo do Flamengo.

Primeiro, devemos entender que as situações variam dentro das proporções que o jogo tem e vai tomando durante a partida, por exemplo, especificamente nesta final era um jogo único, em mando neutro e que logo aos 14 minutos rodados, a equipe do River Plate abre o placar e cria-se assim uma vantagem a ser segurada. Obviamente, todos os dados citados são de suma importância para entendermos o caminho do jogo e podermos ter uma melhor análise.

A partir de agora, a ênfase será nas fases de transição e momento defensivo da equipe do River, minimizando assim os pontos fortes da equipe adversária. Dentro disso, em uma primeira análise, pode-se perceber que principalmente os jogadores de frente do Flamengo não conseguiram render o quanto estão acostumados e principalmente que a que a equipe teve um grande aumento no número de passes errados, o que comumente girava em torno de 8% de passes errados por partida no comando de Jorge Jesus, foi para aproximadamente 26% neste jogo. Neste caso, os números só complementam o óbvio para quem assistiu a partida, muitos erros nas trocas de passe.

Desde o início do jogo dava para perceber uma pressão sendo realizada na saída de bola do Flamengo, com a intenção de evitar a bola chegar próxima aos homens de frente e que após o gol feito, isso aumentou ainda mais. No momento de saída de bola, a equipe do River fazia induções para um certo corredor/jogador, principalmente os laterais, dando muitas vezes a impressão de liberdade, mas que após a bola chegar neste local, havia grande pressão ao portador da bola e quem estava próximo a ela, desse jeito tirando as melhores opções de passe da equipe rubro-negra, o que por muitas vezes fazia o Flamengo ter que retornar a bola ou aumentava o risco de um passe errado. Claro que, todas situações tem seus pontos de risco também, e a organização do River não foi diferente, se observarmos as imagens do jogo percebemos que várias vezes o “Gabigol” fica mano a mano com um zagueiro adversário, sem um possível atleta para cobertura, deixando o fundo livre, mas através da pressão bem realizada ao portador da bola, e dificultando a bola de chegar aos atletas mais criativos como Arrascaeta e Éverton Ribeiro, a dificuldade era muito alta de realizar esse lançamento para explorar esse espaço deixado de forma estratégica.

Após lermos isso, podemos ter impressão que a equipe do River não atacou o adversário, e afirmar isso seria uma grande mentira, tendo em vista que as estatísticas demonstram que a equipe finalizou 11 vezes, uma a mais do que a equipe do Flamengo, inclusive. A forma como se organizaram defensivamente, ditava o ritmo após a recuperação da posse de bola, através da alta marcação nos jogadores da saída de bola, quando “roubava” a bola tinha boas condições numéricas para atacar, realizando assim uma transição rápida, com objetivo de encontrar rapidamente a melhor situação para finalizar a gol.

Nesse momento, você deve estar pensando: “Fez isso tudo com sucesso, mas não venceu o jogo”, e é bem verdade, a equipe do River obteve êxito na maior parte do jogo, mas teve um momento da partida que eu considero como o mais importante da decisão, que é na entrada do Diego aos 20 do 2°T, todos pudemos perceber que a partir daquele momento o Flamengo conseguiu criar mais situações de ataque, realizando 3 principais grandes jogadas: a primeira foi aos 30 minutos do 2°T quando após uma sequência de trocas de passe próximo à área adversária o Arrascaeta tenta um voleio e falha, e as outras duas são, simplesmente, os dois gols que trouxeram o título para o Brasil. Apesar de ele estar diretamente envolvido nos 3 lances, não é por isso que considero o grande marco da final e sim por, após a entrada, de forma estratégica ele sempre se posicionava como opção de passe próximo ao portador da bola, em uma zona “neutra”, sem pressão do adversário, sendo assim ele conseguia receber o passe e ter tempo para tomar a melhor decisão, assim mudando o rumo da grande final.

Lucas CesarEstudante do futebol e suas variantes. Atuante nas categorias de base do Clube Atlético Metropolitano. Acadêmico de Educação Física e Licença B Conmebol.


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