24/03/20

Entrevista com Augusto Carvalho - Como a paralisação do esporte afeta os profissionais dos clubes

Em meio à paralisação por conta do coronavírus, nos martirizamos por não ter aquela partida de futebol para assistir durante a semana, ou aquele programa esportivo que tanto gostamos de ver, mas que saiu da grade. Mas o que será que esses profissionais e atletas estão passando nesse momento?
A vida de todos, sem dúvida, foi impactada pela pandemia e estamos tendo que nos adaptar. Rotinas mudaram bruscamente e o convívio social está bem esporádico, com exceção da internet. Mas não deixamos de nos perguntar, se nós estamos sentindo essa mudança de forma tão efetiva, quem dirá àquelas pessoas que têm sua temporada planejada, sua disciplina quanto ao condicionamento físico, pois é sua ferramenta de trabalho e o convívio constante com a adrenalina de partidas e que agora tudo parou?

Pensando nisso, conversamos com o psicólogo Augusto Carvalho, que há 13 anos atua com atletas e entidades esportivas e tentamos entender um pouco melhor o que essa suspensão nas atividades pode causar pra quem vive no meio esportivo.

 

- Como é para o atleta essa quebra de rotina? Acostumado a treinos coletivos e foco em condicionamento físico, mas que agora entra em quarentena. Essa mudança brusca pode causar ansiedade ou alguma outra condição emocional?

 

“Na verdade toda mudança gera uma necessidade de adaptação. Uns com um pouco mais de facilidade, outros menos, isso depende das características do contexto e da própria personalidade do indivíduo. Mas com certeza essa determinação de isolamento social tem trazido impactos na nossa rotina em termos emocionais/psicológicos também! Estar dentro de casa, impossibilitado de sair, pode sim causar certo nível de ansiedade, de pânico, de estresse, de não saber o que fazer. Por não sabermos ao certo quanto tempo ficaremos nessa situação, é importante que todos tentem aproveitar esse período da melhor forma possível, tendo consciência da gravidade e se colocando no lugar do próximo.”

 

- Antes de ser definida a paralisação de todos os campeonatos, era visível uma preocupação por parte dos atletas em relação ao vírus, preocupação com a família...?

 

“Sinceramente a gente ouvia informações de que a pandemia, principalmente na China e na Itália, estava bem avançada. De que tinha possibilidade de vermos casos aqui no Brasil, mas na verdade acho que a própria correria do dia a dia ou até uma característica de otimismo ao pensar ‘não vai acontecer nada’, acredito que poucas pessoas tenham se prevenido antes de tudo vir à tona. Acho que desde o início da semana passada que a pessoas começaram a cair na real, muitos brasileiros ainda não se deram conta, mas é de fato é um momento muito difícil.”

 

- Foi determinada alguma alternativa de acompanhamento nesse meio tempo?

 

“Antes dos atletas serem liberados para suas casas, foram feitas recomendações e determinações, tivemos também palestras há cerca de 3 semanas falando sobre prevenção.
Com exceção dos que precisam de algum tratamento de lesão física mais grave junto dos médicos e fisioterapeutas, esses atletas estão recebendo exercícios e alternativas para, mesmo em casa, não perder muito em movimentação e aspectos físicos. Os preparadores físicos estão usando a criatividade e a experiência  para adaptar esse trabalho e didática, algo que tem sido muito legal de ver.”

 

- E na sua rotina, como isso tem afetado? Como se desapegar um pouco do trabalho que é grande responsabilidade e priorizar se resguardar?

 

“À mim, esse período de quarentena e isolamento social, não têm sido fácil.  Naturalmente sentimos vontade de estar com outras pessoas, de sair de casa, de praticar nossas atividades externas, nos divertir fora de casa. Com certeza esse período acaba nos fazendo refletir muito sobre o valor dessas coisas. Pensamos muito em re-significar os valores, nossas necessidades, ter isso ou aquilo... e quando nos pegamos numa situação dessa, pensamos também em pessoas que já viveram isso no passado, seja por casos de pandemia ou até mesmo guerras, nos colocamos no lugar e imaginamos como deve ter sido para eles.”

Ninguém mais vai poder reclamar da sua camisa de time no rolê. De agora em diante você estará oficialmente na moda ;]

Twitter


Compartilhe

Compartilhar

PARCEIROS

Arena Corinthians
Grupo Figer
hudl
Trevisan
Doentes por Futebol
Editora Grande Área
Arima e Associados
CNB
5e27
OutfField
Tactical Pad
LGZn
Ticket Agora
Player Hunter
Maringá Futebol Clube
Mogi das Cruzes Basquete
gradeUP
Mitchell & Ness
End to End
SporTI