12/05/20

Arena auto-sustentável e economicamente rentável

A forma mais trivial de captação de recursos é através da locação da arena para shows, mas isso depende de seu tamanho, estrutura e se ela é administrada pelo próprio clube ou não.

No caso do Estádio do Morumbi, a administração é feita pelo próprio São Paulo FC, logo a disponibilidade de datas está diretamente relacionada ao calendário de jogos. Como a prioridade é realização de jogos do São Paulo FC como mandante, limita-se a oferta para eventos NÃO esportivos. Ainda que o time não jogue na data pretendida pela produtora para a realização do evento, é preciso que montagem e desmontagem não interfiram maleficamente no gramado mantendo plenas condições para os jogos.

 

Neste caso, é preciso abusar da criatividade para que a comercialização de espaços e/ou experiências não esteja diretamente relacionada à utilização do gramado.

A locação de camarotes é uma excelente alternativa principalmente se sua funcionalidade não estiver atrelada somente aos jogos e shows.

Existe uma área localizada no setor térreo do Estádio do Morumbi chamada Concept Hall, ela é aberta ao público diariamente e possui academia, espaço para festas, loja esportiva, restaurantes da alta gastronomia, centro de fisioterapia, estúdio musical, choperia e camarotes coorporativos multifuncionais onde se realizam palestras, festas, workshop, etc.

O que poderia ser somente um camarote para assistir partidas de futebol com mais conforto e de forma privativa, foi se transformando em unidades de negócios e constituiu uma espécie de centro comercial dentro da arena.

A vantagem de se trabalhar dessa forma está em duas vertentes:  

  1. A probabilidade de renovação contratual com uma unidade de negócios é maior do que com uma empresa que aluga apenas com a finalidade de reunir clientes para assistir jogos, pois desde a implantação do projeto, o intuito neste caso é perenidade (não se abre um restaurante pensando em fechá-lo após 3 ou 5 anos);

 

  1. Se o clube os tiver estrutura para auditar os resultados financeiros dos locatários, é possível estabelecer um modelo de negócios com um aluguel mínimo garantido e uma variável que permite a arena aumentar seus lucros a medida que a carteira de clientes do estabelecimento em questão for sendo constituída.

 

Além das opções mencionadas, há os tours (também usuais em todos os estádios, mesmo os mais simples), sessões de fotos e filmagens, pacotes de experiências incluindo a oportunidade de jogar no campo com alguns ídolos (sempre após a temporada esportiva), publicidade nos telões e nas placas (a depender do campeonato, no caso da CONMEBOL, a própria entidade tem direito a essa exploração), locação da sala de coletiva de imprensa e zona mista para palestras e workshop, aluguel da pista de atletismo (quando há, a exemplo do Morumbi), realização de jogos corporativos, além de ativações de marcas feitas especificamente nos jogos gerando interação com os torcedores, exploração da venda de alimentos e bebidas nos jogos e eventos e locação de depósitos e escritórios onde não há vista para o campo.

 

Alguns estádios vão além de todas essas fontes de receitas e geram novas experiências como a tirolesa no Allianz Parque ou o espaço kids e teen da Arena Corinthians.

Enfim, quando se trata de grandes estádios, “o telefone toca” e as idéias de como explorar as diversas vertentes da arena, acabam fluindo, mas nos casos em que a estrutura é precária e o local não atrai tantas demandas, é preciso abusar ainda mais da criatividade.

A Ponte Preta, por exemplo, com o Moisés Lucarelli que é um estádio com capacidade para pouco mais de 19 mil pessoas, não possui uma estrutura confortável tampouco tem condições de abrigar grandes empresas em seus espaços privativos ou transformá-los em estabelecimentos comerciais. A demanda externa acontece de forma muito esporádica e a falta de estrutura cria muitas limitações. Eles fazem corridas anuais com saída e chegada no estádio, eventos de food truck no estacionamento ou no entorno do campo, cinema a céu aberto, campeonato de futebol infantil, venda de experiência para jogar (geralmente com alguns ex atletas), locação do salão nobre para eventos, entre outras brilhantes formas de angariar lucro para a instituição.

Atuou no marketing da Ponte Preta, na Rádio Jovem Pan e na supervisão comercial do São Paulo FC.
Aluna de diversos cursos na THE 360.


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