A pandemia da COVID-19 escancarou a necessidade de transformação digital do mundo e o fenômeno da globalização. Diversos setores da economia precisaram se reinventar e repensar no formato como os negócios ocorrem. Outros, ainda enfrentam dificuldades para recuperar e até correm o risco de falência. As empresas que investiram no e-commerce, logo no início da pandemia, saíram na frente e conseguiram se reabilitar em meio ao cenário caótico que emergia.
No futebol, o cenário não é diferente. A maioria dos clubes vivem de receitas do matchday, isto é, direitos de transmissão, patrocinadores e bilheteria. A pandemia inviabilizou essas fontes de receita, com a suspensão de muitas competições. Os clubes entraram em desespero e não viam outra alternativa se não reduzir gastos internos como salários, demitir funcionários, rescindir contratos, renegociar dívidas entre outras maneiras de evitar um grande prejuízo financeiro.
A CONAFUT Live 2020 contou com a participação do Dan Jones, delegado do Grupo de Negócios Esportivos da Deloitte, que tratou dos 30 anos da maior liga do planeta: a Premier League. Durante o painel, Dan contou que até mesmo no continente que movimenta a maior parte da receita mundial na modalidade (Europa), muitos clubes tiveram dificuldades para se reorganizar diante do cenário para garantir uma estabilidade financeira, por conta do modelo insustentável que possuem. Na Premier League, a COVID-19 deve impactar no longo prazo até mesmo nos processos futuros de vendas de direitos de transmissão e de comerciais.
Os clubes de futebol e demais instituições devem repensar a forma como as receitas são geradas, e a presença online, ações e comércio no meio digital emergem cada vez mais como uma alternativa de renda. No basquete, por exemplo, observamos no início da pandemia a ‘aula’ que a NBA deu de Marketing Digital, com o documentário do lendário jogador Michael Jordan. No futebol, clubes como o FC Barcelona, o Real Madrid e o Manchester United, que hoje ocupam as primeiras posições da Football Money League 2020 (liga que reflete o poder financeiro dos clubes), têm 49% das receitas sendo geradas de forma comercial, o que reflete a grande presença global desses clubes e a existência de torcedores e entusiastas nas diferentes partes do mundo. As estratégias de marketing esportivo e a diversidade de produtos e serviços digitais, mais do que nunca, podem ser vistas como uma saída para muitos clubes se reabilitarem e, até mesmo, terem uma alternativa de receita no longo prazo.
Recentemente, muitas competições retornaram com estádios vazios, o que já atenua e muito o prejuízo dos clubes, apesar da ausência das receitas de bilheteria. No entanto, é sabida a importância e a relevância que a transformação digital terá daqui em diante, no ‘novo-normal’.
De maneira conclusiva, o painel de Dan Jones ainda tratou de forma mais precisa acerca do que é esperado para o período pós-pandemia: mediante o cenário atual, surgem mudanças propostas para as competições de clubes da UEFA, como um menor crescimento em valor de direitos de transmissão, uma maior polarização, a presença de novos participantes na disputa de direitos (principalmente com a inserção de plataformas de streaming), mudanças na forma como os torcedores acompanham os jogos, o surgimento de uma base diversificada de torcedores e um crescimento exponencial do papel da tecnologia na vida das pessoas.
É inevitável. A transformação digital é certa e aqueles clubes que souberem usufruir dela como ferramenta para criar novas fontes de receita, se destacarão em relação aos concorrentes. O futebol, que hoje é cada vez mais visto como entretenimento, pode se beneficiar e muito disso.
Esse e mais assuntos você encontra com maior riqueza de detalhes na maior conferência de futebol brasileira: na CONAFUT! Não perca essa oportunidade de vivenciar este evento.
Luiz Fernando F. Fortes: Estudante do curso de Esporte da Escola de Educação Física e Esporte da USP e presidente da empresa júnior da escola
PARCEIROS