O consumo do futebol ao longo dos anos sempre mudou de acordo com as diferentes realidades e revoluções ocorridas no mundo. Nos primórdios do futebol, os entusiastas acompanhavam a modalidade pelo rádio, até surgir a televisão - ainda em preto e branco - que passou a ser o novo modo de consumir o esporte. Com o tempo a televisão passou a ter cores e a diversidade de canais que transmitiam partidas de futebol aumentou, fazendo com que jogos passassem a serem transmitidos na televisão aberta e também na fechada, para assinantes.
Com o advento da tecnologia e mais recentemente com a expansão do mercado de streaming e a mudança nos padrões de consumo, observamos um novo formato de transmissão de partidas de futebol que emerge. As redes sociais passaram a tomar conta da vida das pessoas cada vez mais e a televisão que, mesmo presente, perdeu um pouco do seu protagonismo. As pessoas passaram a acompanhar o futebol por plataformas digitais, como a DAZN, e até mesmo por meio das redes sociais, como o Facebook.
É fato que os direitos de transmissão representam uma grande fatia do faturamento dos clubes do futebol brasileiro (quase 40%). Com a chegada da pandemia da COVID-19, tal ponto foi escancarado com a suspensão dos jogos de futebol, que já retornaram ‘dando luz’ aos cofres das instituições. No entanto, no modelo atual do futebol brasileiro, encontramos uma distribuição de cotas de televisão desigualitária, o que escancara o nível financeiro entre clubes. Tal fato vem, cada vez mais, sendo um ponto de insatisfação dos clubes que, buscam não só um aumento de receitas, como também uma maior audiência e visibilidade.
Com o crescimento do streaming e o interesse de emissoras televisivas que antes não transmitiam partidas de futebol, as grandes emissoras, como o Grupo Globo, que ainda é a principal rede detentora de direitos de transmissão, passaram a se sentir ameaçadas. Clubes como o Flamengo, o Palmeiras e outros clubes de menor porte, passaram a realizar um movimento de migração para outros canais, com o intuito de alavancar as receitas. Com a volta do futebol durante a pandemia do coronavírus, observamos o Flamengo, por exemplo, transmitindo seus jogos por meio da FlaTV (canal do Youtube do clube).
A pandemia mexeu com a situação econômica mundial, e com o futebol não foi diferente. Muito provavelmente devemos conviver com um contexto do novo normal em que clubes devem procurar investir em emissoras de televisão que fornecerem a proposta mais interessante. Assim, um movimento que é visto como uma forma de garantir uma maior justiça entre clubes (no âmbito financeiro) e de evitar a espanholização dos direitos de transmissão (no caso do FC Barcelona e Real Madrid CF que dominam as receitas de televisão na Espanha) deve ser favorecido.
Ainda acerca do assunto, foi protocolada recentemente a Medida Provisória 984 (dia 18 de junho) que passou a considerar a receita dos direitos de transmissão como favorável ao mandante (Lei do Mandante). Tal fato intensificou as discussões e levou muitos clubes a se manifestarem contra a decisão. Nas últimas semanas começamos a observar o movimento do SBT, emissora que há tempos atrás transmitia muitas partidas de futebol e que perdeu o espaço para o Grupo Globo, para possuir os direitos de transmissão da maior competição de clubes da América do Sul: a Conmebol Libertadores.
Com base nesse cenário, o período pós-pandemia deve nos reservar muitas discussões acerca do tema e muitas movimentações de clubes para viabilizar um maior equilíbrio de receitas e oportunidades mais interessantes. A visão é otimista, para uma maior abertura de mercado, algo que era necessário e que antes era defasado e de pouca transparência.
A CONAFUT Live 2020 recebeu o Cesar Grafietti (Consultor Especialista em Finanças do Esporte), o Daniel Simoes (Controle do EC Bahia), o Rubens Lopes (Presidente da Federação do Futebol do Estado do Rio de Janeiro), Maurício Portela (Diretor da LiveMode), Rafael Plastina - moderador (CEO da Sport Track Intelligence), que debateram acerca do ‘Novo marco legal dos Direitos de Transmissão e os Impactos na Economia do Futebol’ e as perspectivas futuras acerca do tema, que ainda deve dar o que falar.
Ficou interessado(a)? A CONAFUT Live 2020 segue com força e você não pode perder a chance de vivenciar esse evento que conta com essa e muitas outras discussões de temas de extrema relevância para o cenário atual, como para o futuro. Venha experienciar a maior Conferência do Futebol Nacional!
Luiz Fernando F. Fortes: Estudante do curso de Esporte da Escola de Educação Física e Esporte da USP e presidente da empresa júnior da escola
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