No segundo semestre de 2020, uma das relações mais bem-sucedidas do futebol atual foi fortemente estremecida: o casamento entre Lionel Messi e Barcelona chegou próximo do fim. Após a goleada de 8x2 aplicada pelo Bayern de Neuer e companhia pelas quartas da ‘Super’ Champions League em Portugal, o camisa 10 do Barça escancarou sua insatisfação com a gestão de Josep Bartomeu e cogitou a saída da equipe catalã.
Porém, a possibilidade de um conflito judicial segurou o argentino no Barça, pelo menos por mais uma temporada, já que o vínculo atual chega ao fim no meio de 2021. Até lá, se Messi realmente quiser deixar o clube que o formou, pode fazê-lo de maneira menos traumática para ambas as partes. A equipe catalã pode utilizar o ídolo e seus conhecimentos em Barcelona para realizar uma transição gradual e se preparar para a era pós-Leo.
Por que Messi quis sair?
O descontentamento de Lionel Messi não é uma novidade, e nem vem de agora. Nas últimas temporadas, apesar de brigar pelo título no cenário espanhol, o Barcelona perdeu protagonismo na Europa. O último caneco da Champions veio em 2015. Após a saída de Neymar, em 2017, o time sofreu duas desclassificações traumáticas para Roma e Liverpool.
Em 2020, veio a pá de cal sobre os ânimos de Lionel Messi. Em terras portuguesas, a equipe da Catalunha sofreu aquela que pode ser a maior derrota de sua história: os sonoros 8x2 para o Bayern de Munique. O placar impactou bastante no psicológico do camisa 10, que teria parado de acreditar na competitividade do time e pedido formalmente o encerramento de seu contrato.
As mídias internacionais divulgaram uma suposta carta redigida por Messi para comunicar-se formalmente com o Barcelona sobre suas intenções de saída. O contrato do jogador teria cláusulas que permitiam a liberação do argentino ao fim de cada temporada, caso fosse desejo do camisa 10.
Porém, a situação não foi simples. A própria La Liga, temendo perder sua principal estrela, emitiu um comunicado afirmando que o jogador só poderia sair do Barcelona caso o novo clube (ou o próprio atleta) arcasse com a multa de 700 milhões de euros prevista em contrato. O pai de Lionel Messi rechaçou publicamente a decisão da La Liga e ressaltou que a multa não se aplica integralmente.
Apesar de Messi e seu estafe se acharem no direito de pedir a rescisão unilateral do contrato, o movimento poderia gerar um imbróglio judicial entre o jogador e o clube. Em entrevista exclusiva ao jornal ‘Goal’, Lionel declarou que jamais iria à Justiça contra o Barcelona, e decidiu ficar no clube catalão, pelo menos até o fim da temporada 2020/21.
Neste provável último ano de Barcelona, o craque argentino pode fazer mais do que jogar. Com toda a sua experiência e sua paixão ao clube catalão, Messi tem a chance de ajudar o time do coração a realizar a transição de gerações e continuar firme para as próximas temporadas; veja como:
Entregar bons resultados
Em questão de números, o craque argentino segue sem decepcionar a torcida culé. As estatísticas de Lionel Messi trazem ao menos 50 gols por ano com a participação direta do camisa 10. Na última temporada, foram 25 gols e 21 assistências em 32 jogos pela La Liga, fora os tentos na Champions e na Copa do Rei. No ano anterior, o jogador entregou 36 gols e 13 assistências em 29 partidas pelo nacional, mais 12 gols e 3 assistências no torneio continental europeu.
Portanto, a expectativa é que o camisa 10 continue entregando dentro de campo. Se o novo técnico, o holandês Ronald Koeman, conseguir arrumar o time, pode utilizar Messi para conquistar bons resultados. Quem sabe um título de Champions League renove a motivação do atleta para permanecer em Barcelona? Ou pelo menos torna a saída mais épica com a certeza de um Barça que caminhará sozinho pelos próximos anos.
Indicar jogadores
A gestão de Josep Maria Bartomeu é bastante criticada pelas escolhas nas contratações. Após a saída de Neymar Jr., em 2017, o time tentou repor o setor gastando bastante dinheiro, mas sem sucesso. Ousmane Dembélé custou quase € 140 milhões (se contar premiações), Coutinho, mais de € 150 milhões e, por fim, Griezmann, € 120 milhões. Nenhum dos três nomes correspondeu em campo até então.
A saída para a presidência seria confiar nas indicações de Lionel Messi para reforçar a equipe. O atacante Neymar é o grande ‘sonho’ do camisa 10 argentino, mas o brasileiro continuará no PSG. Lautaro Martínez, atualmente na Inter de Milão, é outro nome citado internamente por Leo. Porém, as negociações entre as equipes não avançaram. Em crise financeira, o Barcelona teria que fazer grandes esforços para ‘agradar’a Messi com as novas contratações.
Passar o bastão
As opções para ocuparem o lugar de Messi como protagonista do Barcelona podem estar dentro do clube. O já experiente Griezmann teve uma primeira temporada abaixo do esperado, mas ainda pode render dentro de campo. Apesar das diferenças entre o francês e o argentino, Antoine pode ser um dos nomes a contar com a chancela de Leo para ser ‘o craque’ do Barça.
Outros jovens podem aprender com os ensinamentos de Messi e entenderem o que é o Barcelona. Direto das categorias de base, há Ansu Fati e Riqui Puig, ambos vindos da La Masía, tal qual Lionel. O holandês Frankie de Jong já agradou a torcida em sua primeira temporada e pode conquistar o meio-campo do Barça igual fez Xavi e Iniesta nos anos de ouro deste Barça.
Ficar em 2021/22?
O contexto político e esportivo do Barcelona não aponta favoravelmente à permanência do craque argentino. O próprio Messi entende que precisa deixar o clube para permitir que os catalães ‘sigam a vida’ e se estruturem para um novo ciclo sem a presença do maior ídolo de sua história.
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