29/03/21

Os impactos da COVID-19 no futebol brasileiro

A pandemia da COVID-19 – a maior crise sanitária em 100 anos – afetou o mundo em diversos aspectos pela necessidade da sociedade adotar diversas medidas para conter a propagação do coronavírus, tais como a suspensão das aulas em escolas e universidades, o fechamento de estabelecimentos comerciais e a interrupção de todo e qualquer evento esportivo, o que acabou por impactar o calendário e claro, a economia do futebol de uma forma nunca antes vista.

A suspensão dos campeonatos mundo afora fez com que o futebol se deparasse com a perda de uma importante fonte de receita: a bilheteria – apesar da relevância dos contratos de televisão e dos patrocinadores nas finanças dos clubes, a receita proveniente da bilheteria, especialmente nas fases agudas de competições relevantes, tem uma participação importante no balanço financeiro dos clubes.

Além disso, as entidades esportivas em geral também tiveram as suas finanças estranguladas pela redução dos valores pagos por patrocinadores, que foram obrigados a rever contratos celebrados neste ecossistema do futebol, uma vez que a crise econômica afetou empresas de praticamente todas as áreas.

A retomada dos campeonatos amenizou a perda de receita, mas nem de longe conseguiu equacionar todo o impacto financeiro causado pela COVID. Em alguns países, uma das tentativas para retomar o fôlego econômico foi com o retorno de público aos estádios, mas a medida logo foi interrompida com a chegada da segunda onda da pandemia. Para se ter a exata medida do efeito pandêmico no futebol, estudos indicam que o futebol europeu poderá sofrer perdas de 4 bilhões de euros. No Brasil, a CBF estima perdas de até 4 bilhões de reais. No mundo, a FIFA prevê que o futebol perderá aproximadamente 14 bilhões de euros.

Profissionais da saúde com roupas contra contaminação analisando as conidições da Arena do Grêmio

Rodrigo Capelo, jornalista especializado em negócios do esporte, repórter e comentarista dos canais do Grupo Globo, ao analisar o impacto da COVID-19 no futebol brasileiro é enfático: “a pandemia do coronavírus agravou crises que já existiam no futebol brasileiro por ter cortado o fluxo de caixa de diversos clubes cujas finanças já estavam delicadas”.

Capelo também alerta que a pandemia pode acentuar ainda mais a disparidade técnica entre os clubes mais bem administrados – Flamengo, Palmeiras e Grêmio – em relação aos que já apresentavam uma situação financeira complicada – Internacional, Vasco, Botafogo, Fluminense, Corinthians e São Paulo –, minando, consequentemente, a competitividade dos campeonatos disputados.

Com perdas na casa dos bilhões de euros, não restam dúvidas de que os impactos provocados pela COVID têm o potencial de redefinir as bases do futebol que conhecíamos até então. Clubes médios e pequenos, mais carentes de diversidade de receitas, estão na beira do precipício. Os grandes clubes, detentores de uma melhor saúde financeira, podem usar essa vantagem para prevalecer em relação aos demais e, com isso, concentrar ainda mais o futebol em suas mãos.

Na Inglaterra, por exemplo, o grupo denominado Big Six, formado por Liverpool, Manchester United, Arsenal, Chelsea, Manchester City e Tottenham, apresentou à Premier League o projeto Big Picture, que, resumidamente, retiraria dos demais clubes o poder de decidir os rumos do futebol inglês, em troca de uma maior ajuda financeira. O objetivo da proposta era claro: reduzir o número de jogos domésticos para favorecer as competições da UEFA.

Montagem com CEOs de Tottenham, Liverpool e Manchester United a frente de um estádio da Premier League e a taça da Premier League

Nos demais clubes europeus de grande porte voltou a ganhar eco a proposta de uma Superliga Europeia, competição que seria formada pelas equipes de maior poderio econômico e teria mais relevância do que as respectivas competições nacionais.

Se as primeiras impressões sobre esses movimentos dos mais poderosos se mantiverem, tudo indica que o novo modelo desejado por eles aumentará ainda mais a desigualdade em relação aos times pequenos e médios, de modo a tornar as competições locais cada vez mais desinteressantes. Para quem gosta de equilíbrio e competitividade, só resta torcer para que os clubes do bloco intermediário continuem se mobilizando para evitar o aumento desse desnível, a começar pela rejeição de projetos como o Big Picture.

O embate está posto e teremos dois cenários possíveis no pós-pandemia: a consolidação do poderio econômico nas mãos de poucos clubes ou a idealização de modelos que minimizarão a atual desigualdade no mundo futebol.

Analisando de forma crítica o atual cenário, Rodrigo Capelo é bem cético em relação a um movimento de união entre os clubes reduzir a disparidade econômica.

Confira a análise de Rodrigo Capelo na íntegra:

A falta de unidade alertada por Capelo foi comprovada pelo próprio posicionamento dos clubes em relação ao recrudescimento da pandemia em 2021. No Rio de Janeiro, a FERJ, com o apoio do Flamengo, tentou fazer um lobby em favor do retorno do público aos estádios – a proposta foi rejeitada por Fluminense, Vasco e Botafogo. Em São Paulo, diante da proibição do Governo do Estado de que o Campeonato Paulista continuasse, Palmeiras, Santos e Corinthians foram contra qualquer medida para reverter tal decisão, ao passo que o São Paulo votou pela continuidade do torneio.

Ainda é cedo para cravar qual o caminho a ser tomado. Só o tempo dirá qual será o capítulo final desta história.

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