02/06/21

Monstros Em Seus Clubes, Questionados Na Seleção

Acredito que se você chegou até aqui, com certeza lembra de ter visto as cenas das eliminações da seleção brasileira das duas últimas Copas do Mundo.

Como de costume, cada eliminação teve seus vilões eleitos. Uns mais do que outros, é bem verdade... mas na verdade precisamos reconhecer qual o verdadeiro motivo de termos jogadores como Thiago Silva e Fernandinho sendo ídolos inquestionáveis pelos clubes por onde passam, ao mesmo tempo em que ao olhar de grande parte dos torcedores brasileiros, eles não são "jogadores de seleção".

Pensando nisso, tentei aprofundar um pouco a conversa com alguém que tem bastante propriedade pra falar, Luís Felipe Conte (executivo da TSG Group e coordenador do curso de Scout - Análise de Desempenho da THE360), e fiz algumas perguntas para tentar entender um pouco sobre essa diferença de cenário quando esses jogadores atuam por clubes e seleção.

 

Jogadores como T. Silva e Fernandinho, que costumam ser muito regulares/imprescindíveis em seus times, mas que são muito questionados na seleção brasileira, oscilando bons e maus momentos.
Você acha que essas mudanças de performance se deve aos estilos e contextos das diferentes equipes?

 

Resposta:

Com certeza. Ambos têm por característica a aplicação e obediência tática, muito devido ao longo tempo no futebol europeu, que tem essa essência. O Fernandinho, mais que o Thiago Silva, é condicionado a um modelo de jogo diferente da opção de todos os treinadores que trabalhou na Seleção Brasileira. No Manchester City, compõe um jogo mais apoiado, com a maioria do tempo em posse da bola e, esse fato, propicia que sua capacidade técnica, que não é baixa, apareça de forma efetiva. Na Seleção Brasileira, ele possui muito mais responsabilidades defensivas e passa muito mais tempo sem a posse da bola, o que sobrecarrega a parte física, difícil de manter regular os 90 minutos (ou mais) do jogo.Para o Thiago Silva, defensivamente nos clubes em que atua/atuou, o esquema tático o deixa menos exposto, o que significa menos desgaste físico e melhor rendimento em lances capitais. Com a posse da bola, pouca coisa muda, visto que tem bastante qualidade técnica para um zagueiro. Na Seleção Brasileira, o modelo de jogo o deixa mais exposto e exige mais fisicamente, um pouco distante de suas principais características de atuação.

São dois jogadores de altíssimo nível, bastante experientes e ainda em altíssimo nível europeu, vide a disputa da última final de Champions League.

 

Especialmente após o fracasso da seleção brasileira em 2014, o lado emocional é sempre usado como argumento contra esses jogadores. O quanto você acha que o jogador sente essa diferença?

 

Resposta:

Jogador de futebol não é robô, tem sentimentos como qualquer ser humano e, diante de qualquer tipo de situação, lida da melhor forma que pode, tenho certeza. O emocional afeta qualquer profissão e com o atleta não é diferente. É claro que, com mais idade e mais experiência, os atletas lidam melhor com os fatos. Ambos os atletas, por exemplo, atingiram alto nível mundial com pouca idade e demonstraram enorme evolução em seu jogo com o decorrer do tempo.Nos dias atuais, os dois jogadores sentem pouco a parte emocional e o tamanho do jogo, já passaram por ocasiões de mesmo tamanho ou maiores

 

Qual seria a melhor forma de aprimorarmos nosso entendimento do futebol e das valências desses jogadores para não sermos muito rasos (seja positivamente ou negativamente) na hora de avaliar esses atletas?

 

Resposta:

O melhor caminho, em meu ponto de vista, é buscar o maior entendimento do jogo em si, tecnicamente e, principalmente, da parte tática, modelo de jogo e das características individuais de cada jogador. Não adianta cobrar mais (ou menos) do que o atleta “tem pra dar”.  Enxergar o jogo com visão macro e compreender todos os seus momentos, requer bastante vivência, estudo e dedicação. Conhecimento nunca é demais em nenhum setor, inclusive no futebol.

 

Hoje, a quantidade de informações que nos é dada por imprensa, sites de análise, mídias sociais... são dados muito difíceis de se contestar.
E eu não sei vocês, mas quanto mais profundo o debate sobre futebol, mais interessante e prazeroso ele se torna.

Henrique Woods - Twitter I Instagram

Se Thiago Silva não tivesse título de Champions, seria uma das maiores injustiças do futebol!


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