26/04/18

Precisamos valorizar nosso bem mais precioso

Seguimos para a quarta rodada do Brasileirão, mas já tem time decidindo sua classificação na Copa do Brasil e outros com partidas cruciais pela Libertadores. É assim que se inicia o que, na teoria, é o campeonato mais importante do país. O Brasileirão deveria ser mais valorizado, seja por quem constrói o campeonato, por quem usa como produto e por quem assiste na expectativa de ver seu time vencedor. Todas os envolvidos no sistema precisam fazer sua parte para que o Campeonato Brasileiro se torne um dos grandes torneios do mundo do futebol e este texto vai trazer alguns pontos que precisam de melhorias.

O primeiro passo para qualquer avanço é um diagnóstico correto do estágio atual. Saber identificar seus pontos fortes e fracos para aproveitar o que existe de melhor no processo de reduzir as fraquezas. Um dos principais erros do futebol brasileiro é o calendário. Quatro meses do ano foram praticamente perdidos com jogos de nível técnico amador. Isso aperta o campeonato mais importante no resto do ano, que acaba dividindo atenção com as copas continentais, fazendo com que times reservas sejam vistos em algumas rodadas. A solução está em diminuir as datas dos estaduais, abrindo espaço inclusive para que os times possam treinar mais, ponto este que está ligado com a próxima questão: a qualidade do jogo. Esta até tem melhorado nas últimas edições do campeonato brasileiro, mas ainda está abaixo do que pode apresentar. Uma evolução vem ocorrendo, com profissionais que privilegiam o estudo comandando as equipes, no entanto os times estão mais preocupados em terminar uma partida sem levar gol ao invés de tentar marcar. Isso deixa o jogo chato, não atrai o torcedor. Que o Brasileirão 2018 apresente mais equipes buscando o gol. Além disso, existe a polêmica da arbitragem. Quanto mais recursos forem utilizados para que os juízes passem despercebidos, melhor. Clubes e CBF deixarem o VAR de lado por motivos financeiros ou qualquer outro diminui a confiança no campeonato.

Estes fatores listados anteriormente estão todos relacionados com a imagem do Brasileirão como um produto. Como atrair um novo patrocinador com jogos fracos, erros constantes de arbitragem e times recheados de reservas? Sem falar nos estádios repletos de lugares vazios. Por isso é necessário trabalhar a marca do campeonato, aumentando sua credibilidade com o mercado e com os próprios torcedores brasileiros. Os estádios teriam mais público se a competição fosse mais atrativa.

A imprensa também possui papel fundamental nesta consolidação do torneio como um produto. Canais de televisão, mídia impressa e digital, todos tratam o jogo como uma grande brincadeira. O que o Brasileirão precisa é de debates em torno do jogo e de mudanças para a evolução do esporte no país, que seriam acompanhados pelos principais responsáveis pela gestão: a CBF e os clubes.  A CBF é quem organiza o campeonato brasileiro e deveria estar atenta a todos estes pontos abordados, porém o mais importante para o órgão nesta semana não é o início de seu principal torneio, mas sim suas eleições, que já foram assunto em outro texto aqui no blog da THE360. A alternativa seria a tão falada liga de clubes. Estes, que deveriam se posicionar como os protagonistas do futebol brasileiro, não possuem maturidade de se reunir para construir algo que irá colaborar para seu próprio crescimento. A Primeira Liga é um claro exemplo disso, começou como movimento de união dos clubes e para 2018 nem uma competição foi organizada.

Não vai ser de uma hora para outra que teremos o Brasileirão valorizado, mas não podemos mais perder tempo. É preciso qualificar o campeonato. A mudança não virá com a CBF, a bola está com os clubes. Que comecem melhorando a qualidade de seus jogos e trazendo seus torcedores para os estádios, então os demais agentes do sistema serão obrigados a entrar no processo de avanço, como a imprensa e a própria CBF. Todos unidos por um Campeonato Brasileiro melhor gerido e planejado.

Rodrigo Romano é formado em Ciências Econômicas pela PUCRS. A partir de seu trabalho de conclusão começou a estudar sobre aspectos de gestão do futebol, principalmente na área financeira. Hoje inicia a carreira de consultor em gestão esportiva.


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