22/05/18

Os padrões da NFL colocam o cargo de Jason Garrett em xeque para 2018

Na temporada passada, o Dallas Cowboys não conseguiu repetir a ótima campanha feita em 2016, quando teve retrospecto 13-3 e venceu sua divisão. Em 2017, na sétima temporada completa de Jason Garrett no comando do time, os Cowboys oscilaram boas atuações, não mantiveram uma regularidade ao logo do campeonato e acabaram vencendo apenas nove das 16 partidas que disputaram. Foi a segunda vez em três anos que Dallas ficou fora dos playoffs e agora, para encontrar o último triunfo da equipe em pós-temporada, é preciso voltar a 2014.

Entretanto, é impossível analisar o Dallas Cowboys do ano passado e não levar em conta os desfalques que a franquia teve. Os principais deles foram Tyron Smith, talvez o melhor offensive tackle da NFL na atualidade; Sean Lee, o líder defensivo do elenco; e Ezekiel Elliott, o ponto central do sistema ofensivo dos Cowboys. Smith e Lee sofreram lesões na mesma rodada (semana 10), perdendo assim jogos importantes do campeonato. E Elliott teve cumprir suspensão de seis jogos (que também começou naquela rodada) acusado de violência doméstica.

Ezekiel Elliott, running back dos Cowboys, suspenso por seis jogos na temporada 2017/2018.

Para muitos especialistas, após ter fracassado levar seu time aos playoffs pela segunda temporada consecutiva (algo que não acontece em Dallas desde 2006 e 2007), Jason Garrett deveria ter sido demitido. Mas a verdade é que os desfalques evidentemente influenciaram nos desempenhos da equipe e, ao que tudo indica, o proprietário dos Cowboys Jerry Jones levou isso em consideração. Jason Garrett foi mantido por pelo menos mais um ano. Todavia, por estar em uma das franquias mais tradicionais da NFL, aparentemente sem desfalques desta vez, e por não ter prosperado em pós-temporada, mesmo nos anos em que fez excelentes trabalhos, Garrett tem em 2018 uma temporada de suma importância para seu futuro na liga.

 

Como Garrett se compara aos outros head coaches da NFL

Só seis treinadores estão em seus respectivos times há mais tempo que Jason Garrett está nos Cowboys (2010). Ainda, apenas sete head coaches (dentre os 32 da NFL) têm mais vitórias que Garrett (66 triunfos e 52 reveses) por uma franquia na atualiade: Bill Belichick (214), Marvin Lewis (123), Mike McCarthy (121), Mike Tomlin (116), Sean Payton (105), John Harbaugh (94) e Pete Carroll (79). Saiba ainda que entre esses nomes, somente Garrett, Belichick, Lewis e Payton já receberam o prêmio de Técnico do Ano após determinada temporada.

Bill Belichick, cinco vezes campeão do Super Bowl pelo New England Patriots

Ademais, ainda é preciso destacar outro ponto: o último treinador que tinha um prêmio de Técnico do Ano no currículo e acabou sendo demitido do cargo pelo time que o projetou para isso foi Mike Smith, do Atlanta Falcons, em 2014. Antes dele, foi Andy Reid (Philadelphia Eagles) em 2012 e Marty Shottenheimer (San Diego Chargers) em 2006. Em outras palavras, dos últimos 12 técnicos que colocaram essa premiação no currículo, só três perderam seus cargos por demissão da franquia. Jason Garrett pode ser o quarto dessa lista.

 

Na NFL, é preciso ir aos playoffs – e vencer

Os casos de Mike Smith e Andy Reid ilustram bem como é ser um treinador na NFL. Foi citado que Reid foi demitido em 2012. Entretanto, o que você talvez não saiba é que Andy chegou aos Eagles em 1999 e venceu o prêmio de melhor técnico da temporada em 2002 – depois isso, ele ainda ficou uma década no time mesmo sem conquistar um troféu. Acontece que por todo esse tempo o Philadelphia Eagles e seus torcedores confiavam em Andy Reid como um treinador vitorioso. Afinal, em 14 temporadas que esteve por lá, Reid levou seu time aos playoffs nove vezes, chegou à final de conferência em cinco ocasiões e ainda disputou um Super Bowl. Resumidamente, ele soube vencer durante o mês de janeiro, e só foi demitido porque seu relacionamento com a franquia ficou desgastado – algo que lembra o legado de Arsène Wenger no Arsenal, por exemplo.

Em contrapartida, o mesmo não pode ser dito sobre a passagem de Mike Smith pelo Atlanta Falcons (2008 a 2014). Nessas sete temporadas que os Falcons disputaram sob o comando de Smith, o time se classificou aos playoffs quatro vezes, a melhor sequência desde que a equipe fora fundada. E saiba ainda que em duas dessas ocasiões Atlanta havia vencido 13 partidas durante a temporada regular. Impressionante. Entretanto, sabe quantos jogos o Atlanta Falcons de Mike Smith conseguiu vencer em pós-temporada? Um.

O exemplo de Smith se relaciona diretamente ao único nome que está mais pressionado que Jason Garrett da lista citada sobre os técnicos com mais vitórias por um time na atualidade: Marvin Lewis. Isso mesmo, Marvin Lewis! Ele está nos Bengals desde 2003, tem o segundo maior número de vitórias por um time entre os treinadores em atividade e levou os Bengals aos playoffs sete vezes. A pressão sobre ele contudo acontece pois Lewis jamais venceu em pós-temporada. Sua campanha 0-7 com Cincinnati em mata-mata faz a equipe ter a maior “seca” de vitórias em playoffs da atualidade (desde 1990).

Com isso em mente, é preciso avaliar o rendimento do Dallas Cowboys sob o comando de Jason Garrett até agora e entender o porquê do treinador estar sob pressão. Em sete temporadas que comandou os Cowboys, Garrett teve duas ótimas campanhas, em 2014 (12 triunfos) e 2016 (13 triunfos). Entretanto, nesses dois anos combinados, ele só conseguiu uma vitória em playoffs. Imagine que Jason Garrett fracasse em 2018; seriam oito anos com um único triunfo em pós-temporada – e ele ainda trabalha para uma das franquias mais tradicionais do futebol americano, mas que não conquista um título desde 1995. Ao que parece, esse é um cenário propício para a demissão do treinador. Se é certo ou errado é difícil julgar pelas diferentes circunstâncias de cada ano. Todavia, saiba que isso nada mais é que consequência de um padrão “imposto” pela NFL: é preciso vencer nos momentos mais importantes.

Caio Miari Santos, 22 anos, jornalista e apaixonado por esportes, enfatizando os americanos, principalmente o futebol americano. É também fundador do Shotgun, no qual produz, apresenta e edita os podcasts do Rádio Shotgun! Contribui semanalmente com um texto sobre a bola oval para a THE360.

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