A Major League Soccer, campeonato de futebol dos Estados Unidos, vem crescendo nos últimos anos. Ainda não alcançou o patamar de baseball, futebol americano, hóquei e basquete, mas já mostra uma estrutura qualificada, principalmente fora de campo. E os grandes destaques da liga em 2018 estão localizados em Los Angeles, Califórnia. Este texto vai contar a história do Los Angeles Football Club, franquia que estreou nesta temporada da MLS, desde sua fundação, a inauguração de um novo estádio na cidade e a rivalidade com o L.A. Galaxy, incrementada pela chegada de Zlatan Ibrahimovic.
O início:
O início da franquia coincide com o final de outra. Em 2014 o Chivas USA, franquia americana do Chivas Guadalajara que atuava em Los Angeles, encerrou suas atividades. No dia 30 de outubro do mesmo ano a Major League Soccer anunciou a criação de um novo time para a cidade, com data de estreia marcada para a temporada 2017. O clube teria como dono um grupo liderado por Henry Nguyen, empresário asiático, Peter Guber, que atua nas indústrias do esporte e entretenimento, e Tom Penn, analista esportivo. Outros nomes entraram como sócios minoritários, incluindo o ex-jogador da NBA Magic Johnson. No momento da divulgação da nova equipe, o nome Los Angeles Football Club foi usado apenas como provisório, mas acabou permanecendo. As cores do clube seriam o preto e laranja em um primeiro momento, mas o laranja foi trocado pelo dourado. Estes detalhes importantes foram anunciados em janeiro de 2016, bem como o logo da instituição e os conceitos por trás da marca. O preto e dourado representam força, poder e sucesso, relacionados com o contexto da cidade de Los Angeles.
O estádio:
A construção de um estádio para a franquia foi algo que passou por um longo processo, que culminou no Bank of California Stadium. Em maio de 2015 foi feito o anúncio da intenção de construir uma arena para 22 mil pessoas, com custo de 250 milhões de dólares. O local seria onde estava o Los Angeles Memorial Sports Arena e para que a construção se iniciasse foi preciso a aprovação do órgão governamental de Los Angeles, que veio em maio de 2016. Três meses depois, foi realizada uma cerimônia para simbolizar o início das obras, que contou também com o anúncio de que o Banco da Califórnia havia comprado os naming rights do estádio. A previsão para término da obra foi de três anos, adiando a entrada do time na liga para 2018. Após o LAFC jogar as suas seis primeiras partidas fora para aprontar o estádio, veio o encontro com a torcida. A inauguração ocorreu dia 29 de abril na vitória contra o Seattle Sounders por 1x0, e contou com grande festa por parte da torcida. A arena possui uma área para que os torcedores possam assistir aos jogos em pé, camarotes e ainda um espaço para que empresas realizem eventos privados. Esses espaços satisfazem todos os tipos de consumidores que podem se interessar por uma partida do Los Angeles FC.
Dentro de campo:
O primeiro passo para a trajetória dentro de campo foi dado em dezembro de 2015, quando John Thorrington foi contratado para o cargo de vice-presidente de futebol. John é ex-jogador de futebol e teve passagens por times da MLS e seleção americana. O anuncio do treinador foi a etapa seguinte e Bob Bradley foi o nome escolhido. Este teve passagem pela seleção dos Estados Unidos durante cerca de quatro anos, tendo como maior feito o vice-campeonato da Copa das Confederações 2010, quando derrotou a Espanha, campeã mundial no ano seguinte, na semifinal. Pouco tempo depois, a primeira contratação. Carlos Vela foi contratado da Real Sociedad ainda em agosto de 2017, mas com chegada prevista apenas para o ano seguinte. O mexicano foi o primeiro designated player(DP) da franquia, categoria de jogadores que podem receber mais que o teto determinado pela liga. Hoje o Los Angeles conta com mais dois DP, o uruguaio Diego Rossi, contratado do Peñarol, e André Horta, português que se transferiu do Benfica para o time americano. No dia 4 de março de 2018 a equipe comandada por Vela e Bob Bradley estreou na MLS enfrentando o Seattle Sounders, fora de casa. E logo na primeira partida, a primeira vitória, 1x0 com gol de Diego Rossi. A trajetória nos dez primeiros jogos é boa para uma franquia em seu ano inicial, com seis vitórias, dois empates e duas derrotas.
Outros pontos merecem destaque no clube de Los Angeles. Foi assinado um acordo com o YouTube TV para este ser o patrocínio máster no uniforme da equipe. A nova plataforma de streaming do mercado usa o time da Califórnia para divulgar seu serviço, o que inclui no contrato a transmissão das partidas do LAFC como mandante via plataforma. Na sequência, o serviço do Google atingiu outros clubes, como Orlando City e Seattle Sounders, mas apenas na questão de transmissão de jogos. A relação com os torcedores também é bem construída. Existe uma união de fãs, com o nome de 3252, que são uma espécie de torcida organizada do clube. Estes assistem aos jogos no espaço sem cadeiras do Bank of California Stadium e são oficialmente reconhecidos pela franquia. Por fim, o destaque para o clássico com o Los Angeles Galaxy deve ser mencionado, ainda mais com a chegada de Ibrahimovic a cidade. O duelo, nominado como “El Tráfico” em referência ao trânsito da cidade de Los Angeles, um dos piores do país, foi um dos motivos para a criação de uma nova equipe, já que a cidade estava com apenas um clube desde a saída do
A MLS mostra que é possível trabalhar o futebol como produto e a criação de uma nova franquia como o Los Angeles Football Club e seu sucesso quase que imediato é uma lição para o futebol brasileiro. A definição de valores, o aproveitamento do estádio, a montagem da equipe e a relação com os torcedores são fatores que o futebol brasileiro demonstra dificuldades em desenvolver. É preciso analisar os exemplos presentes na indústria e iniciar uma mudança no jeito com que o futebol é trabalhado no Brasil.
Rodrigo Romano é formado em Ciências Econômicas pela PUCRS. A partir de seu trabalho de conclusão começou a estudar sobre aspectos de gestão do futebol, principalmente na área financeira. Hoje inicia a carreira de consultor em gestão esportiva.
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