26/06/18

O PREÇO DO FUTEBOL NO BRASIL PT. 2 - PROBLEMA E POTENCIAL DE CRESCIMENTO

Após quase dois meses de ausência nesse espaço, retomaremos a série de três posts acerca de público e preço dos ingressos em diversos mercados utilizando o salário médio e a população total como balizadores.

No texto anterior, comparamos o preço dos ingressos com o salário médio em diversos países para termos uma ideia inicial do quão barato ou caro é assistir a um jogo da primeira divisão nacional dado o nível de renda médio de seus habitantes. Neste texto, o objetivo é analisar as médias de público com o total de população dos países visando avaliar qual país consegue proporcionalmente levar mais pessoas aos estádios.

Sem mais delongas, vamos aos dados dos países selecionados para o estudo (para mais detalhes dos critérios de seleção, ver o post anterior aqui):

Infelizmente, um dos fatos que nos salta aos olhos é a posição do Brasil na tabela. Uma forma simples de interpretar os números é que a cada 1 milhão de habitantes apenas 73 comparecem a um jogo aleatório do Campeonato Brasileiro Série A. No outro extremo da tabela temos que a cada 1 milhão de suíços quase 1.200 pessoas comparecem a um jogo aleatório da Super Liga Suíça.

Apenas como fator de curiosidade, se tivessemos o mesmo índice da Suíça, nossa média de público seria de 246 mil pessoas por jogo. Já se utilizássemos o índice da Islândia, a média de público do Campeonato Brasileiro seria de inimagináveis 519 mil pessoas por jogo.

Obviamente, diversos fatores influenciam positivamente ou negativamente a presença de torcedores no estádio, como preço dos ingressos, acessibilidade, segurança, presença de outras opções de entretenimento e etc. Assim, uma análise mais profunda é necessária pra entender os porquês por trás dos números.

Ciente de que a análise da população geral para a média de público é incompleta, vamos analisar as frequências médias dos clubes das primeiras e segundas ligas nacionais na temporada 2017/18 (apenas 2017 para as regiões brasileiras) em quatro regiões metropolitanas selecionadas, nomeadamente São Paulo, Rio de Janeiro, Lisboa e Londres. Para São Paulo, incluímos também a média de público do Santos dado que muitos moradores da Grande São Paulo deslocam-se até a Baixada Santista para assistir aos jogos do clube praiano.

Destaca-se que o índice de púbico por milhão obtido da tabela acima não pode ser comparado com o da lista de países apresentado previamente, pois esse trata-se de uma soma ao passo que o primeiro trata-se de um média. Porém, é possível observar que as cidades brasileiras, nomeadamente São Paulo e Rio de Janeiro, estão em patamares diferentes de Lisboa e Londres. Por um lado, as capitais europeias observadas tem um patamar de aproximadamente 38 mil torcedores por milhão de habitantes quando somamos todos os públicos médios dos clubes das primeiras e segundas divisões ao passo que esse índice em São Paulo e Rio de Janeiro fica próximo dos 5 mil torcedores.

Por fim, fica evidente o espaço de crescimento de público no Campeonato Brasileiro. É notória a necessidade de pensar em estratégias e ações para levar mais públicos aos estádios. Apesar de todas as dificuldades econômicas enfrentadas pelo brasileiro, claramente há muito espaço para crescimento da média de público no Brasil, o que beneficiará tanto o espetáculo quanto as finanças dos clubes.

Bruno Duarte é Mestrando em Gestão do Desporto na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa.

Graduado em Administração pela Universidade de São Paulo com atuação nas áreas de Inteligência de Mercado, Planejamento Estratégico e Gestão de Projetos.

Twitter | Linkedin


Compartilhe

Compartilhar

PARCEIROS

Arena Corinthians
Grupo Figer
hudl
Trevisan
Doentes por Futebol
Editora Grande Área
Arima e Associados
CNB
5e27
OutfField
Tactical Pad
LGZn
Ticket Agora
Player Hunter
Maringá Futebol Clube
Mogi das Cruzes Basquete
gradeUP
Mitchell & Ness
End to End
SporTI