Após quase dois meses de ausência nesse espaço, retomaremos a série de três posts acerca de público e preço dos ingressos em diversos mercados utilizando o salário médio e a população total como balizadores.
No texto anterior, comparamos o preço dos ingressos com o salário médio em diversos países para termos uma ideia inicial do quão barato ou caro é assistir a um jogo da primeira divisão nacional dado o nível de renda médio de seus habitantes. Neste texto, o objetivo é analisar as médias de público com o total de população dos países visando avaliar qual país consegue proporcionalmente levar mais pessoas aos estádios.
Sem mais delongas, vamos aos dados dos países selecionados para o estudo (para mais detalhes dos critérios de seleção, ver o post anterior aqui):
Infelizmente, um dos fatos que nos salta aos olhos é a posição do Brasil na tabela. Uma forma simples de interpretar os números é que a cada 1 milhão de habitantes apenas 73 comparecem a um jogo aleatório do Campeonato Brasileiro Série A. No outro extremo da tabela temos que a cada 1 milhão de suíços quase 1.200 pessoas comparecem a um jogo aleatório da Super Liga Suíça.
Apenas como fator de curiosidade, se tivessemos o mesmo índice da Suíça, nossa média de público seria de 246 mil pessoas por jogo. Já se utilizássemos o índice da Islândia, a média de público do Campeonato Brasileiro seria de inimagináveis 519 mil pessoas por jogo.
Obviamente, diversos fatores influenciam positivamente ou negativamente a presença de torcedores no estádio, como preço dos ingressos, acessibilidade, segurança, presença de outras opções de entretenimento e etc. Assim, uma análise mais profunda é necessária pra entender os porquês por trás dos números.
Ciente de que a análise da população geral para a média de público é incompleta, vamos analisar as frequências médias dos clubes das primeiras e segundas ligas nacionais na temporada 2017/18 (apenas 2017 para as regiões brasileiras) em quatro regiões metropolitanas selecionadas, nomeadamente São Paulo, Rio de Janeiro, Lisboa e Londres. Para São Paulo, incluímos também a média de público do Santos dado que muitos moradores da Grande São Paulo deslocam-se até a Baixada Santista para assistir aos jogos do clube praiano.
Destaca-se que o índice de púbico por milhão obtido da tabela acima não pode ser comparado com o da lista de países apresentado previamente, pois esse trata-se de uma soma ao passo que o primeiro trata-se de um média. Porém, é possível observar que as cidades brasileiras, nomeadamente São Paulo e Rio de Janeiro, estão em patamares diferentes de Lisboa e Londres. Por um lado, as capitais europeias observadas tem um patamar de aproximadamente 38 mil torcedores por milhão de habitantes quando somamos todos os públicos médios dos clubes das primeiras e segundas divisões ao passo que esse índice em São Paulo e Rio de Janeiro fica próximo dos 5 mil torcedores.
Por fim, fica evidente o espaço de crescimento de público no Campeonato Brasileiro. É notória a necessidade de pensar em estratégias e ações para levar mais públicos aos estádios. Apesar de todas as dificuldades econômicas enfrentadas pelo brasileiro, claramente há muito espaço para crescimento da média de público no Brasil, o que beneficiará tanto o espetáculo quanto as finanças dos clubes.
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