A temporada 2017 é uma para ser esquecida pelos torcedores do Green Bay Packers. E não é que a campanha da franquia tenha sido apenas ruim; ela foi marcada pelo sentimento de decepção ao mesmo tempo. Tudo isso porque as expectativas eram altas sobre os “cabeças-de-queijo”, afinal, Green Bay chegou à decisão da Conferência Nacional em 2016 (e foi a segunda vez em um intervalo de três anos que isso aconteceu). Em contrapartida, no ano passado, a temporada dos Packers terminou em dezembro; e os torcedores do time querem saber quando ele retornará ao Super Bowl, já que isso não ocorre desde 2010.
Os cabeças-de-queijo, como são conhecidos os torcedores dos Packers.
Como adiantado, as esperanças dos fãs para com o Green Bay Packers na temporada passada ficaram apenas no papel – e não duraram por muito tempo: a campanha da equipe foi marcada por inconstâncias e, antes mesmo da última semana da temporada regular, já não haviam mais chances matemáticas de classificação aos playoffs.
Desde já, então, vale adiantar que a missão de Aaron Rodgers em 2018 é chegar ao Super Bowl. Entretanto, ele terá que fazer isso sob uma conjuntura que talvez ainda não tenha presenciado na NFL. Por exemplo, qual foi a última vez que você, leitor, ouviu dizer que o Green Bay Packers não foi à pós-temporada? E você se lembra de Aaron Rodgers atuando sem Jordy Nelson em campo? Jimmy Graham ainda pode render como o antigo Jimmy Graham?
São questionamentos como esses que contextualizam a temporada 2018 do Green Bay Packers, a qual começa marcada por anormalidades na franquia. Anormalidades essas que, aliás, podem ser facilmente apagadas se as incertezas do elenco verde-amarelo encontrarem respostas concretas e positivas.
Por que diferente?
Nos últimos 26 anos, o Green Bay Packers só teve três (!) temporadas com mais derrotas do que vitórias, e uma delas foi no ano passado (7-9). Antes disso, a última vez que os Packers haviam acumulado uma campanha derrotada foi em 2008, justamente o primeiro campeonato em que Aaron Rodgers atuou como titular pelo time. Aliás, antes de 2017, aquela também havia sido a última temporada na qual Green Bay ficou fora dos playoffs. Nesse período, foram três finais de NFC e um Super Bowl conquistado. Logo, perceba que A-Rod não está acostumado a não jogar em janeiro.
Além disso, Rodgers terá que comandar o ataque dos Packers sem Jordy Nelson no elenco pela primeira vez. Nelson, contra a vontade de seu quarterback, foi cortado por Green Bay nesta offseason após dez temporadas e acabou assinando com o Oakland Raiders. Com isso em mente, é impossível não lembrar da temporada de 2015, quando Jordy Nelson não atuou nenhum jogo da temporada devido à uma grave lesão: na ocasião, Aaron Rodgers teve a pior marca de jardas totais e rating de sua carreira (contando os anos em que foi titular em pelo menos 15 partidas).
Por que incerta?
2018 será a segunda temporada consecutiva em que a diretoria do Green Bay Packers tem a secundária como principal foco, afinal, esse foi um setor que esteve entre os piores da NFL no ano passado. Desta maneira, a franquia destinou as mais relevantes escolhas do Draft 2018 a defensive backs (mais uma vez): chegaram Jaire Alexander e Josh Jackson. Agora, as duas primeiras escolhas de draft dos Packs tanto em 2017 quanto em 2018 foram DBs, três cornerbacks e um safety. Ademais, saiba que três das últimas quatro escolhas de primeira rodada do time também foram destinadas à secundária e o veterano Tramon Williams está retornando ao elenco. Dito tudo isso, fica a pergunta: será que agora vai?
Mas se engana quem pensa que esse grupo de secundaristas foi o único grande prejudicado (ou “desmascarado”) pela lesão de Aaron Rodgers na temporada passada; as linhas, ofensiva e defensiva, da equipe precisam ser mais sólidas. Ofensivamente, os Packers permitiram 104 hits em seus QBs, além de 51 sacks. Do outro lado da bola, a ausência de outros nomes realmente confiáveis acabou sobrecarregando Clay Matthews, o qual terminou a temporada com 8,5 sacks – nenhum outro jogador do time de Wisconsin teve mais de sete sacks. Como solução para o grupo de bloqueadores, Green Bay aposta na recuperação de Bryan Bulaga. Para a linha defensiva/pass rush, o nome de Muhammad Wilkerson é o que mais se destaca; os Packers decidiram arriscar no veterano, o qual busca reencontrar seus melhores dias na NFL.
Reforços da secundária de Green Bay, os novatos Jaire Alexander e Josh Jackson e o veterano Tramon Williams (esq. para dir.).
Além de tudo isso, é preciso fazer uma pergunta: como estará a posição de tight end do time neste ano? Em 2017, o principal TE do elenco foi Martellus Bennett, com somente 24 recepções para 233 jardas. Este também é um problema. Jimmy Graham foi contratado como uma tentativa de solução.
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Repare que foi falado em apostas e riscos, ou seja, pontos incertos para o sistema defensivo e ofensivo do Green Bay Packers. A franquia sabe que Rodgers está de volta. Porém, ao mesmo tempo, tem em mente que a lesão do camisa #12 no ano passado mostrou que o elenco tem muitas limitações. Justamente por isso, contratações foram feitas e o Draft arquitetado. Resta saber se essas incertezas, ao lado do retorno de Aaron Rodgers, colocarão os Packers de volta à normalidade.
Caio Miari Santos, 22 anos, jornalista e apaixonado por esportes, enfatizando os americanos, principalmente o futebol americano. É também fundador do Shotgun, no qual produz, apresenta e edita os podcasts do Rádio Shotgun! Contribui semanalmente com um texto sobre a bola oval para a THE360.
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