Não é por acaso que as franquias da NFL, anualmente, estão falando em quarterbacks. Essa é a posição mais importante do futebol americano. As franquias buscam a qualquer custo ter um franchise quarterback, o qual é caracterizado principalmente por ser “o cara da franquia”, capaz de dar competitividade e segurança à diretoria da equipe para construir um elenco talentoso ao seu redor. É isso que os times estão sempre à procura. Indo ainda mais adiante neste processo, anos após ter encontrado um franchise quarterback, o time em questão já se preocupa em buscar o sucessor para o cargo. Esse, por sua vez, chega jovem ao elenco, aprende com a referência mais experiente e mais tarde prospera. Bom, esse é o cenário ideal de quarterbacks em um elenco da NFL.
O exemplo mais apurado disso talvez seja encontrado em Green Bay. Os Packers adquiriram Brett Favre em 1992 e viram o camisa #4 se tornar um dos maiores da história por lá. Favre foi titular dos Packs entre 1992 e 2007. Antes que esse período terminasse, o time recrutou o promissor Aaron Rodgers no draft; isso em 2005. A ideia do Green Bay Packers era manter a competitividade de Favre quando Rodgers assumisse o posto. Em outras palavras, quando um se aposentasse, a equipe não sofreria sem um grande líder em campo. E o plano saiu perfeito, diga-se de passagem.
É com isso em mente que podemos dizer que Teddy Bridgewater se tornou uma peça com espaço em praticamente todas as franquias da NFL nos dias de hoje. Ainda não se sabe exatamente quantas e quais equipes têm real interesse em uma possível troca pelo quarterback, mas a verdade é que Bridgewater teria um lugar na grande maioria dos elencos na atualidade. Isso pois seu custo-benefício seria positivo a curto e longo prazo.
O camisa #5 tem sido um dos principais QBs desta pré-temporada. Em duas partidas até agora, Bridgewater totalizou 17 passes completados em 23 tentados, 212 jardas, dois touchdowns e uma interceptação. Isso para um jogador que praticamente não entrou em campo nas duas últimas temporadas devido à uma grave lesão no joelho. Antes de se lesionar, Teddy era um dos quarterbacks mais promissores da liga. Depois da lesão, havia uma enorme dúvida sobre como o QB estaria. De fato, foram somente confrontos de pré-temporada, porém Bridgewater se mostrou mais confiante e confortável lançando a bola.
A questão neste caso é que, por incrível que pareça, talvez faça sentido para o New York Jets perder Teddy Bridgwater por meio de uma troca. Afinal, a franquia novaiorquina tem no elenco Sam Darnold, novato de primeira rodada, e Josh McCown, veterano que renovou contrato nesta offseason. Se Darnold conseguir ser o titular, McCown seria um backup decente, deixando Bridgewater “à venda”.
Um reserva ideal ou um plano futuro, tanto faz
Com isso em mente, é preciso analisar o que Bridgewater acrescentaria para as franquias interessadas. Ele é um quarterback móvel, com certa experiência na NFL e capaz de vencer. Em seu segundo ano profissional (2015), Teddy liderou os Vikings aos playoffs com 11 triunfos. Recuperado da lesão, Teddy Bridgewater volta a ser um nome cotado entre os candidatos a franchise quarterback na liga, mesmo que não tenha nenhum time neste momento sem um candidato (ou nome certo) no plantel. Ou seja, se uma equipe sabe que seu QB titular está em reta final de carreira, investir em Teddy Bridgewater pode fazer dele o “Aaron Rodgers da era Brett Favre” nos Packers. Os Saints (Drew Brees), os Chargers (Philip Rivers), os Giants (Eli Manning) e até mesmo os Patriots (Tom Brady), são os principais exemplos disso.
Ademais, é preciso ressaltar que, a curto prazo, Bridgewater também tem relevância. Basta lembrar quem era o quarterback titular dos Eagles no Super Bowl LII: Nick Foles, reserva que assumiu a titularidade na reta final do campeonato. Backups são importantes no futebol americano! E neste momento vários times não têm reservas imediatos confiáveis para seus titulares. Os Texans, por exemplo, tinham campanha 3-3 até a lesão de Deshaun Watson no ano passado – e terminaram 1-9 sem o calouro. Nos Seahawks, se não for Russell Wilson, Austin Davis ou Alex McGough assumem o comando. Caso Jared Goff desfalque os Rams, Sean Mannion seria o substituto imediato. Enfim, são vários os casos de franquias que precisam pensar em novos quarterbacks (para agora ou daqui dois, três anos).
A boa offseason dos Jets
Internamente para o New York Jets, essa situação envolvendo Teddy Bridgewater deve ser vista como mais um acerto da franquia nesta offseason. Há alguns meses, New York se envolveu em uma troca com os Colts a fim de assumir uma posição no Draft 2018 para recrutar Sam Darnold. Bingo! Nathan Shepherd na terceira rodada também foi um valor interessante. A contratação de Jermaine Kearse reforça o grupo de recebedores, bem como Trumaine Johnson entre os cornerbacks. Bingo! Bingo! Bingo!
Acredite ou não, mas o atual contrato de Teddy Bridgewater com o New York Jets tem salário de apenas US$ 6 milhões, com duração de um ano. Em outras palavras, caso o camisa #5 permaneça na franquia em 2018, custará pouco.
No fim das contas, New York apostou pouco e pode ser recompensada com isso de diversas maneiras. Bridgewater é, neste momento, quem melhor tem atuado entre os QBs da equipe. Ao mesmo tempo, é um dos nomes mais falados entre os quarterbacks da NFL, afinal, ele pode “salvar” alguma franquia da liga a qualquer momento.
O New York Jets optou pelo “incerto mais certo” da última offseason e agora pode ganhar muito com isso. Melhor dizendo, em uma troca envolvendo Teddy Bridgewater hoje, todas as partes envolvidas saíriam ganhando. Caso nada disso aconteça, não deve haver problemas: os Jets manteriam no elenco aquele quarterback que tem se mostrado o melhor do grupo – por um custo muito baixo.
Caio Miari Santos, 22 anos, jornalista e apaixonado por esportes, enfatizando os americanos, principalmente o futebol americano. É também fundador do Shotgun, no qual produz, apresenta e edita os podcasts do Rádio Shotgun! Contribui semanalmente com um texto sobre a bola oval para a THE360.
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