Nessa semana saiu um post no blog do Marcel Rizzo sobre quanto a escalação de times mistos no Campeonato Brasileiro está incomodando a CBF. Ao ler os comentários do post no twitter, a grande maioria convergia para uma revisão/melhoria do calendário. A escalação de times reservas/mistos acaba desequilibrando o campeonato bem como desvalorizando o produto.
Raramente vemos esse tipo de situação nos grandes torneios europeus quando os times disputam as fases mais agudas dos torneios. O que é possível de perceber é que alguns jogadores são poupados, mas não há a escalação de times totalmente reservas.
Às vezes fazemos comparações que não podem ser válidas, principalmente com as ligas da Espanha, Alemanha, França e Itália, pois a diferença técnica dos grandes times sobre os demais facilita uma melhor utilização do elenco em períodos mais difíceis da temporada.
O mesmo não ocorre na Inglaterra, que considero que é o único campeonato da Europa similar ao Brasileirão, pois vários times disputam o título e a chance de perder jogos para times da parte de baixo da tabela é maior do que nas outras quatro ligas.
Podemos observar que, independente da quantidade de jogos, os campeões ingleses não estão disputando ou foram eliminados precocemente na Champions League. Esse fenômeno também se repete no Brasil. No caso do Brasileirão isso já acontecia antes da Copa do Brasil e da Libertadores se estenderem por toda a temporada. Agora ficou mais desafiador para qualquer time brasileiro administrar as três competições, principalmente na segunda metade da temporada, quando começam os jogos de mata mata.
Portanto, independente do número de jogos, é muito provável que o campeão brasileiro não esteja disputando ou tenha sido eliminado precocemente das Copas, bem como os times brasileiros que forem mais longe nas Copas provavelmente não estarão disputando o título nacional.
Por outro lado precisamos continuar debatendo mudanças no calendário do futebol brasileiro. Já participei de um seminário sobre esse tema em 2013 e já conversei bastante com o Luis Filipe Chateaubriand, um grande estudioso do tema calendário e autor de livros sobre o tema.
Independente de fórmulas de disputa ou do tamanho dos campeonatos e baseado nas propostas do Chatô, creio que as premissas abaixo deveriam ser implementadas:
- Férias de 30 dias
- pré temporada de 30 dias
- Paradas para datas FIFA - 12 datas
Com essas premissas implementadas sobram 38 semanas na temporada para a disputa de todos os torneios nacionais e internacionais. O grande dilema é conseguir construir um calendário racional, atrativo, produtivo e inclusivo para todos os times do futebol brasileiro em 38 semanas. Por não haver datas suficientes para encaixar todos os torneios da temporada, praticamente não há parada nas datas FIFA, além de vermos em anos de Copa uma pré temporada inadequada.
Perguntas que precisam ser feitas e respondidas para amenizar o dilema atual:
Creio que se houver um verdadeiro interesse em melhorar o calendário do futebol brasileiro as respostas acima precisam ser respondidas. Consequentemente o calendário caberia em 38 semanas e todos os campeonatos seriam mais atrativos e inclusivos para todos os times do futebol brasileiro, além de um provável incremento da qualidade dos jogos, sem a necessidade dos grandes times jogarem com times reservas em momentos agudos da temporada.
Desta forma veríamos mais grandes jogos como os das quartas de final da Copa do Brasil durante toda a temporada, com estádios cheios, jogos vibrantes, de muito boa qualidade e com grandes jogadores. Com esse cenário aumentaria a atratividade dos campeonatos, o produto ofertado poderia ser muito melhor para todos os interessados e haveria maior possibilidade de aparecer mais ídolos, que poderiam jogar por mais tempo no Brasil, além de podermos competir de alguma forma com a MLS na atratividade de alguns jogadores do mercado europeu.
Eu continuo sonhando.
Marcelo Paciello - Apaixonado por gestão e marketing esportivo. Mais de 10 anos como gestor de negócios, mestre e pesquisador em Gestão do Esporte especializado em marketing esportivo.
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