11/09/18

Uma Análise da Gestão Esportiva no Brasil

Na semana passada começou o programa eleitoral na TV e no rádio e em quase todos os programas a palavra gestão foi repetidamente mencionada. Também temos ouvido muito este termo no segmento esportivo, principalmente a falta de uma gestão eficiente.

Gestão pode ser definida como o atingimento de metas e objetivos com recursos limitados com e através das pessoas. A meta do trabalho gerencial é fazer com que as pessoas executem o que o gestor determina de uma forma eficiente.

Na gestão esportiva o recurso de maior valor são as pessoas. As mudanças da atualidade em termos de tecnologia e globalização do mercado de trabalho são grandes desafios para os gestores, portanto é necessário muita flexibilidade e agilidade para se adaptar às constantes mudanças que também impactam na gestão esportiva.

Essa pequena introdução é importante como ponto de partida para avaliarmos o atual momento da gestão esportiva no Brasil. Temos percebido um movimento positivo de mudanças, com mais profissionais vindo de outros segmentos atuando na área esportiva, mas ainda numa velocidade inferior ao que é necessário para acelerar as mudanças que precisam ser efetuadas no segmento. Um fato a ser comemorado é a entrada de Flamengo e Palmeiras dentro das mil empresas com maior faturamento do Brasil segundo a revista Exame. Veja na matéria repercutida pelo site da ESPN

Quando se fala em gestão, qualquer organização precisa ter um planejamento estratégico que significa na prática onde, como, quando e com que recursos se pretende atingir os objetivos definidos. Dentro do planejamento estratégico se analisa todo o ambiente onde a organização está inserida, além de se avaliar os pontos fortes e fracos, as ameaças e oportunidades. Também são definidas a missão (qual é a razão da existência da organização), a visão (onde pretende chegar em um determinado tempo) e os valores (quais os pilares comportamentais da organização). Com uma bom plano estratégico a organização define sua proposta única de valor, seu posicionamento no mercado, sua identidade, seu DNA, sua forma de se comunicar no mercado.

O novo logo da Juventus, o estilo de jogo do Barcelona, o slogan “This is why we play” da NBA, a atuação junto à comunidade do St Pauli de Berlim são apenas alguns exemplos de organizações esportivas que fizeram todo o passo a passo acima para chegarem nos seus respectivos posicionamentos e propostas únicas de valor. Vale a pena dar uma olhada nos slogans de algumas franquias da NBA para avaliar como foi feito trabalho semelhante. Confira as curiosidades dos slogans criados pelas franquias da NBA

Palmeiras e Flamengo estão mostrando um caminho, que certamente, caso não mudarem os pilares gerenciais construídos nos últimos anos, vão prosperar dentro e fora de campo por muito tempo. O Grêmio é um outro ótimo exemplo. São Paulo está seguindo por um caminho de profissionalização mais ampla, Exemplos como da Confederação Brasileira de Rugby e de Judô também merecem reconhecimento. Muito provavelmente estas entidades fizeram a lição de casa e estão com boa gestão.

Equipes que conquistam títulos num ano e no ano seguinte não se sustentam é um bom exemplo que a gestão não é eficiente em todas as áreas, provavelmente o diferencial da gestão esportiva é o responsável pelo sucesso em campo mas, sem outros pilares sendo geridos eficientemente, não será sustentável a longo prazo.

Convido a todos a fazerem uma reflexão do quanto a grande maioria das organizações esportivas brasileiras ainda carecem de um trabalho essencial da alta gestão visando definir caminhos, processos, posicionamento de longo prazo de uma forma profissional.

Gestores não remunerados em funções estratégicas é uma das principais causas do atual estágio da gestão esportiva brasileira. Imaginem como seria a situação das empresas que todos nós trabalhamos se as nomeações fossem extremamente políticas, com pessoas sem competência para a função e apenas atuando após o horário de trabalho?

O torcedor precisa começar a avaliar a gestão do seu time além das quatro linhas, pois resultados de campo muitas vezes acontecem independente de uma boa gestão, ainda mais num país onde ainda carecemos de boas gestões.

 

‘Se você não sabe onde quer ir, qualquer caminho serve’ (Lewis Carroll)

Marcelo Paciello - Apaixonado por gestão e marketing esportivo. Mais de 10 anos como gestor de negócios, mestre e pesquisador em Gestão do Esporte especializado em marketing esportivo.


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