Na semana passada a CBF divulgou o calendário do futebol brasileiro de 2019 com os mesmos problemas dos últimos anos: (Matéria Fonte - GE)
Avaliando os tópicos acima é possível perceber quanto ainda é necessário cuidar e pensar os campeonatos com visão mercadológica. Baseado nesse desafio gostaria de trazer alguns exemplos nacionais e internacionais sobre o quanto uma visão com foco no produto e no torcedor faz toda a diferença visando um produto de alto valor agregado.
A CBF repassou à Klefer a gestão comercial da Copa do Brasil. Ao ter uma equipe totalmente responsável pela gestão comercial do produto, o que temos como consequência é a valorização das propriedades, um aumento do valor das cotas, que resultou na alta premiação para o campeão (R$ 50 milhões), trabalho de branding, criação do slogan “"Copa Continental do Brasil. O país inteiro joga", parcerias com Facebook e Twitter. Atualmente a Copa do Brasil é a terceira liga esportiva do país mais comentada no Twitter, ficando à frente de todos os torneios de futebol da Europa, além de bater NBA e NFL, criação de uma loja virtual. (novidades com a Klefer)
Outra grande novidade divulgada na semana passada foi a mudança das transmissões do NBB à partir da temporada 2018, se transformando na primeira liga transmitida pela TV aberta (Band), TV fechada (ESPN, Band Sports e Fox Sports). Twitter e Facebook também transmitirão uma partida exclusiva por semana. Essa distribuição do conteúdo multiplataforma traz para o Brasil, pela primeira vez, o modelo americano de transmissão esportiva, que ajudou a consagrar as ligas americanas como as mais rentáveis do planeta. Em vez de concentrar a transmissão numa única emissora, o NBB optou por buscar o máximo de divulgação. (veja as escolhas da NBB para projeção da sua marca)
Como exemplo internacional, a F1 também demonstra que está buscando se adequar a novas demandas de mercado, bem como focar num público mais jovem. Durante a última temporada, a F1 faturou US$ 10 milhões com o âmbito digital. O valor é 65% maior que o conquistado em 2016 quando Bernie Ecclestone ainda era o mandatário e não valorizava esforços nesta frente. Desde que assumiu a Fórmula 1, a Liberty Media tinha como prioridade o digital. A Liberty renovou aplicativo da F1, intensificou a geração de conteúdo no Facebook, criou um torneio oficial de e-Sports além de lançar a plataforma de streaming F1TV, que transmite as corridas ao vivo. (números da nova fase da F1)
Lisa Borders, atual presidente da WNBA, anunciou que renunciará ao cargo no final de outubro com resultados muito bons, sendo a responsável pelos melhores números em relação a público e audiência na temporada regular dos últimos seis anos, focando acordos de transmissões via streaming com o Twitter, pela criação do primeiro fantasy da WNBA. Ela também foi a responsável pelo o lançamento do projeto “Take a Seat, Take a Stand”, que doa parte do dinheiro arrecadado com a venda de ingressos para organizações sem fins lucrativos, com foco no empoderamento de meninas e mulheres. (veja a trajetória de Lisa Borders)
A Klefer e o NBB estão com foco no produto e a F1 e a WNBA, além do produto, estão também com foco no torcedor. Para valorizar o campeonato brasileiro e os demais campeonatos de futebol no Brasil, a CBF poderia tomar decisão semelhante à Copa do Brasil, terceirizando a gestão comercial do produto.
Provavelmente, com uma gestão com foco no produto e no torcedor, muitos dos temas citados no início deste post referente ao calendário de 2019 seriam questionados, pois não será possível agregar valor para um campeonato onde os principais times jogam várias partidas sem seus principais jogadores, a qualidade de grande maioria dos jogos é baixa, jogadores são vendidos no meio do campeonato, muitos times perdem o interesse na disputa no meio do campeonato, entre outros desafios.
Os fatos acima citados servem como exemplo que, para se conseguir um produto de valor agregado e atrativo para os vários tipos de torcedores / fãs, é necessário que se tenha um responsável para se atingir os objetivos traçados, visando valorizar o produto ofertado, fazer os ajustes necessários e buscar diferentes formas de atingir e atrair novos e atuais torcedores/ consumidores, valorizar cada vez mais todos os stakeholders (organizações esportivas, ligas, patrocinadores, todas as mídias envolvidas) e principalmente os torcedores, a maior razão da existência do produto consumido.
Convido você para refletir sobre como atualmente grande parte das organizações esportivas brasileiras são geridas. O peso ainda é muito maior para o jogo e não onde se deveria focar, o evento, o torcedor, o entretenimento. Os quatro exemplos mencionados neste post possuem em comum o cuidado com a imagem, com a melhoria, com a qualidade do produto.
Com visão de mercado a meta de qualquer gestor esportivo é satisfazer os torcedores e todos os stakeholders do segmento. O potencial para se explorar e implementar essas ações no esporte brasileiro não há dúvida que existe, o que falta é gestão e visão de mercado para grande parte dos envolvidos.
Marcelo Paciello - Apaixonado por gestão e marketing esportivo. Mais de 10 anos como gestor de negócios, mestre e pesquisador em Gestão do Esporte especializado em marketing esportivo.
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