Cinco semanas se passaram e o Philadelphia Eagles ainda não correspondeu às expectativas. Aquele time, o qual brilhou no ano passado quando era apontado como zebra na maioria de seus confrontos, agora tem status de favorito. O problema é que a franquia não vem dando conta do recado. Os Eagles têm apresentado problemas dos dois lados da bola, sofrem com lesões e simplesmente não encontram respostas para isso. Não por acaso, Philly tem, em cinco rodadas, o mesmo número de derrotas que sofreu em 19 partidas da temporada passada.
Mas o que está errado? Quais as maiores diferenças em um time que foi de o melhor da NFL para um que agora tem sua classificação aos playoffs ameaçada? Três fatores vêm atrapalhando o Philadelphia Eagles consideravelmente. Fatores esses que impedem a equipe de ser realmente competitiva dos dois lados da bola.
A defesa perdeu o equilíbrio
Em pelo menos dois dos três níveis do sistema defensivo, o Philadelphia Eagles regrediu em relação ao ano passado. A linha defensiva continua sendo a principal arma do setor, contudo, as lesões impedem que essa seja ainda melhor. Contra os Vikings na semana 5, por exemplo, Haloti Ngata e Derek Barnett ficaram fora. Até agora, Philadelphia totaliza 12 sacks, uma marca apenas mediana neste ano. E pressionou o QB oponente em 23,1% dos dropbacks. Menos pressão significa mais trabalho para a secundária.
A secundária do Philadelphia Eagles foi um dos fatores responsáveis pela média de 1,9 turnover por jogo em 2017. Agora, essa marca é de exatamente um. E mais: de acordo com a ESPN, os adversários têm 67,5% de aproveitamento nos passes contra Philly. Individualmente falando, Malcolm Jenkins é o único nome que manteve o alto nível do campeonato passado. Rodney McLeod se lesionou e está fora da temporada, Sidney Jones vem tendo problemas no slot, Ronald Darby ainda oscila e Jalen Mills não é um exímio CB nº2. O problema é que, salvo Jenkins, Darby talvez seja o melhor defensive back deste grupo.
Em 2017... Os titulares na posição cornerback também eram uma preocupação para os Eagles. Todavia, o alto nível do pass rush, dos safeties e dos slot corners compensava isso. Com a saída de Patrick Robinson, o qual era responsável pela marcação no meio do campo, a secundária ficou exposta. Os pass rush ainda é o nível mais confiável, porém vem atuando abaixo do que o setor “solicita”. No ano passado, esse pressionou os adversários em 28% dos dropbacks, por exemplo.
A linha ofensiva caiu de produção
A linha ofensiva do Philadelphia Eagles era apontada como um dos pontos mais fortes do time nesta temporada. A volta de Jason Peters, e a presença de Jason Kelce e Lane Johnson, configuram três dos melhores bloqueadores da NFL em suas respectivas funções. Tanto para o jogo aéreo quanto terrestre, as expectativas eram altíssimas. Na prática, contudo, isso não vem acontecendo.
Em 2018, Carson Wentz foi sackado em 8,5% dos dropbacks, a quarta maior marca da NFL. A pressão sobre ele por dropback também subiu, e é de 36,6% agora. Lane Johnson, um dos melhores tackles da NFL, já permitiu cinco sacks em 2018, incluindo dois strip sacks (sack seguido de fumble) em duas partidas. Em geral, nas três partidas que Wentz disputou, ele sofreu 12 sacks e 27 hits. Além disso, Philly voltou a ter preocupação quanto ao left guard titular, visto que Isaac Seumalo e Stefen Wisniewski não vem jogando bem.
Em 2017... Wentz sofreu sack em 5,6% dos dropbacks, a pressão nele acontecia em 35,7% das vezes que foi para o passe, e Johnson permitiu quatro sacks em todo o campeonato. Tudo isso aconteceu apesar de Peters ter ficado fora pelos dois últimos meses do campeonato, diga-se de passagem.
Quesitos básicos
Em geral, defesa do Philadelphia Eagles vem fazendo um trabalho acima da média: é a sétima melhor da temporada em pontos sofridos por partida. E a décima em jardas totais. A questão para os Eagles é que tem faltado big plays defensivas, consistência ofensiva e obediência nos dois lados da bola.
Philadelphia tem cinco turnovers neste ano. Contudo, a equipe já sofreu nove turnovers. Esse saldo de -4 TOs é o terceiro pior da liga. Além disso, desde que Carson Wentz retornou de lesão, os Eagles caíram de rendimento em situações cruciais das partidas: o time amarga um aproveitamento de 34% (13/18) em terceiras descidas e 38% (5/13) na red zone nas últimas três semanas. Como se não bastasse, é a terceira equipe que mais cometeu faltas na NFL até agora (43).
Veja bem: batalha dos turnovers, terceiras descidas, red zone e penalidades, esses são quatro itens básicos e de suma importância no futebol americano. E Philly peca em todos eles. Por mais que a defesa não sofra muitos touchdowns e que Carson Wentz ainda esteja under center, é muito difícil vencer na NFL ficando atrás em todos esses quesitos.
O problema é que Philly não dá sinais de melhora. Os dois lados da bola parecem desconfigurados neste momento – e Doug Pederson não vem encontrando respostas para isso. Contra Minnesota, por exemplo, a expectativa era para que a equipe fosse fazer um bom jogo já que foi derrotada na semana 4 e estava jogando em casa. Porém, os defeitos do elenco apareceram mais uma semana.
Verdade seja dita, esta não é a primeira vez que um vencedor do Super Bowl oscila na temporada seguinte ao título. O Philadelphia Eagles é o primeiro campeão a começar 2-3 desde os Steelers em 2006. Mas vale ficar atento: dos últimos sete campeões que amargaram uma campanha 2-3, somente um foi aos playoffs.
Caio Miari Santos, 22 anos, jornalista e apaixonado por esportes, enfatizando os americanos, principalmente o futebol americano. É também fundador do Shotgun, no qual produz, apresenta e edita os podcasts do Rádio Shotgun! Contribui semanalmente com um texto sobre a bola oval para a THE360.
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